Pesquisa define 23 sintomas pós-Covid

Fadiga é a maior queixa de sequela entre os pacientes que já foram contaminados pelo coronavírus

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Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais constata que metade das pessoas diagnosticadas com Covid-19 apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano. A pesquisa contabilizou 23 sintomas após o término da infecção aguda. A fadiga é a principal queixa relatada entre os pacientes.

O engenheiro boliviano Maximiliano Viana, de 47 anos, contraiu a forma mais grave da doença. Hoje, seis meses depois de ter se curado da Covid-19, ele enfrenta sequelas, como falta de equilíbrio, de flexibilidade e dificuldade para caminhar. As complicações ficaram tão sérias que ele teve que vir para o Brasil.

Ele chegou aqui no dia 25 de janeiro num avião hospitalar já conectado à ECMO, uma máquina capaz de funcionar como um pulmão e coração artificiais.

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O boliviano ficou quatro meses entubado. Durante esse período, ainda precisou cuidar de uma pneumonia e perdeu 35 quilos.

No mês passado, recebeu alta do hospital e há dez dias faz tratamento intensivo na rede de reabilitação Lucy Montoro, onde ele faz sessões de fisioterapia, condicionamento físico e terapia ocupacional entre outras especialidades.

Viana ainda deve permanecer em tratamento por pelo menos mais duas semanas, mas diz que não tem pressa de voltar para casa.

A Covid-19 pode causar sequelas complexas que demandam reabilitação. Tem gente que perde a mobilidade das pernas, dos braços ou que têm dificuldade para falar. Em alguns casos, leva-se semanas até que a reabilitação seja concluída.

Ele [o paciente] vai progressivamente voltando às suas atividades, mas ainda precisa de acompanhamento A pessoa precisa ser monitorada para ver se está melhorando. Mas não precisa ser esse tratamento intensivo que a gente faz no mínimo no primeiro mês pós internação em UTI”, comenta a médica Linamara Rizzo Battistella, titular de fisiatria da USP

As sequelas enfrentadas por Maximiliano Viana são só algumas de uma doença que vem sendo chamada de “Covid longa” e que já foi reconhecida oficialmente como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no fim do ano passado.

Mais de dois anos do primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil, o país tem parte da sua população vacinada e o desafio de recuperar os pacientes com sequelas do vírus.

Segundo um estudo divulgado pela Fiocruz Minas, metade das pessoas diagnosticadas com Covid-19 apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano.

A pesquisa, que acompanhou quase 650 pacientes infectados pelo vírus por 14 meses identificou que pelo menos 324 pessoas (50% do total) tiveram sintomas pós-infecção.

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Ao todo, a pesquisa contabilizou 23 sintomas após o término da infecção aguda. Fadiga é a principal queixa entre os pacientes, relatada por 115 pessoas (35,6%).

Depois aparece tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%). Além disso, também chamam a atenção os transtornos mentais, como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%). Entre os relatos estão ainda sequelas mais graves, como a trombose, diagnosticada em 20 pacientes, ou seja, 6,2% da população monitorada.

“Pessoas não vacinadas que se infectam com o coronavírus e, portanto, desenvolve a Covid-19, têm mais de 50% de risco de desenvolver a Covid longa”, diz a pesquisadora Rafaella Fortini, da Fiocruz Munas. Entre os vacinados, essa chance cai, pelo menos, à metade, diz Rafaella

Os sintomas pós-infecção se manifestam nas três formas da doença: grave, moderada e leve e normalmente aparecerem até três meses depois o início da infecção.

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