A candidata do MDB à Presidência da República, senadora por Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, foi entrevistada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta sexta-feira (26). E assim como demais candidatos, mentiu desavergonhadamente.
Tebet mentiu sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de seu estado (Ideb). “O Ideb de Mato Grosso do Sul, “pro” (sic) ensino médio, se não for o primeiro, ou o segundo, é o terceiro,” mentiu a senadora.
Na verdade, O Ideb mais recente, divulgado no ano passado e referente a 2019, mostrou que Mato Grosso do Sul está na 9ª posição entre os estados brasileiros, na avaliação do ensino médio que considera todas as redes estaduais e privadas. Ao considerar somente a rede estadual, o estado é o que está na 7ª posição. Os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos foram educados ou não sabiam nada sobre educação e não desmentiram a mulher.
O Ideb é um indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. O último Ideb, realizado em 2019, declara a nota do Brasil sendo 5,7 nos anos iniciais, 4,6 nos anos finais e 3,9 no Ensino Médio da educação pública.
A senadora mentiu também sobre a responsabilidade sobre a educação. “União tem que parar de jogar a conta para os estados e municípios. Educação é nossa responsabilidade”, mentiu. Bonner e Renata sabem pouco sobre responsabilidade educacional e calaram diante da conversa fiada.
Na verdade, a Constituição Brasileira aprovada e sancionada em 1988, no artigo 23, estabelece que proporcionar acesso à educação é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. O artigo 212 determina que estados e municípios invistam no mínimo, 25% da receita no ensino.
Estados e municípios também são responsáveis por destinar parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
A União também contribui com o Fundeb, a título de complementação aos municípios e estados que não atingiram o valor mínimo por aluno ao ano, definido nacionalmente, ou que alcançaram evolução dos indicadores. Esta contribuição pode atingir até 23%.
Simone Tebet mentiu também sobre afastamento de crianças da escola durante a pandemia da Covid-19. “Dois anos das crianças pobres das escolas públicas sem estudar, sem saber ler e escrever”, mentiu a senadora. Bonner e Renata engoliram os dados falsos.
A verdade é que o tempo médio em que as aulas presenciais ficaram suspensas no Brasil em 2020 como forma de prevenção à Covid-19 foi de 279,4 dias.
Na rede pública, as atividades presenciais foram suspensas, em média, por 287,5 dias, enquanto na rede particular a média foi de 247,7 dias.
O ano letivo tem o mínimo de 200 dias e 800 horas de carga horária, segundo o estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Durante a pandemia, a obrigatoriedade de dias foi suspensa, mas a carga horária mantida.
Em relação à média dos países desenvolvidos, o ensino fundamental brasileiro ficou suspenso por um período três vezes maior, segundo um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Desconhecida do grande público e desprezada por parte de caciques de seu próprio partido e apesar das mentiras desferidas, a emedebista surpreendeu com a combinação de três fatores essenciais para uma eleição, segundo o especialista em marketing político, Marcos Roberto Silva.
“Simone demonstrou ter experiência política. Sabe como convencer o público, usar as palavras certas e se posicionou bem diante da bancada da Rede Globo. Ela deixou transparecer que teria capacidade técnica suficiente e ainda demonstrou ter a dose certa para suas reações emocionais que acabaram parecendo autênticas”, diz o publicitário e jornalista.
Segundo o publicitário, “Ramez Tebet estaria orgulhoso dessa primeira caminhada de sua filha ao Palácio do Planalto“.
Simone soube aproveitar sua recente atuação na CPI da Covid e da trajetória política sem denúncias de corrupção.
Simone soube pontuar a pandemia e escândalos do passado, atingindo os adversários Jair Bolsonaro e Lula, líderes nas pesquisas.
Simone também provocou Ciro Gomes ao explicar como financiará projetos de estímulo econômico, desenvolvimento da educação e de assistência social, caso seja eleita, ao invés de dar fórmulas populistas, equações matemáticas. Simone defendeu menos bolsas, mais empregos.
Apesar de bem tratada por William Bonner e Renata Vasconcellos, Simone não teve o tapete vermelho e “lustra-botas” da campanha do JN por Lula na sabatina amiga.
A dupla da bancada pressionou a candidata por sua incapacidade de reunir apoio no seu próprio partido MDB.
Bonner e Renata foram mais longe e tentaram impregnar a campanha de Simone com os péssimos índices de segurança e educação da gestão de André Puccinelli, de quem foi vice-governadora. Bonner e Renata fingiram não saber que quem decide é o governador.
Tebet foi a última a ser entrevistada pelo telejornal. Diferentemente dos outros candidatos, a sabatina foi a única a começar às 20h55 e não 20h30 como seus adversários. A mudança se deu pelo início da exibição do horário eleitoral antes do telejornal. No pico de audiência, a entrevista teve 26.9 pontos.