Expectativas dos jovens quanto ao futuro, foi abalado multiplicando incertezas.
A nova realidade de isolamento social junto com a pressão de treinar para os vestibulares agrava sintomas como a angústia. Dados da pesquisa Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) demonstram que o número de jovens diagnosticados com depressão praticamente dobrou depois da pandemia.
A prevalência do transtorno em jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos era de 7,7% e saltou para 14,8%.
O aumento é resultado de um conjunto de situações que causaram grande estresse. O medo da doença, perdas econômicas, estresse familiar, luto e dificuldades na escola são fatores que têm efeitos sobre as pessoas.
Um estudo publicado pela revista científica ‘Nature’ mostra que isso também se deve a alteração das expectativas dos adolescentes em relação às suas oportunidades futuras. A pesquisa ‘Bem-estar psicossocial de adolescentes um ano após o surto de COVID-19 ‘ na Noruega, revela que o cenário pessimista modificou as crenças básicas dos adolescentes sobre viver em um mundo seguro e controlável.
Segundo os pesquisadores, “a recessão econômica atinge quem está na fase inicial de carreira, tornando a entrada no mercado de trabalho mais difícil”, o que gera ansiedade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo indivíduo com 60 anos ou mais é considerado idoso. A população dessa faixa etária também teve a saúde mental impactada pelo isolamento, mas de maneiras diferentes.
Em um adulto jovem, a depressão tem um conteúdo mais subjetivo, com mais fadiga, melancolia e perda de energia. O idoso pode ter um quadro similar, mas, às vezes, com mais apatia e sintomas de ansiedade. É um cérebro que pode ter mais lesões vasculares e atrofias acontecendo, que podem se apresentar como um quadro depressivo. A fisiopatologia é diferente.
A senilidade é a manifestação de doenças características da idade avançada, como mudanças nas funções cerebrais responsáveis pela memória, raciocínio e controle motor. Já a senescência são as alterações naturais e esperadas durante o envelhecimento.
O principal sinal de que algo não vai bem é uma mudança no padrão de funcionamento da pessoa. Isso envolve tanto detalhes mais característicos, como um humor mais deprimido, como maior dificuldade de concentração e tomada de decisão, além de diminuição do prazer nas atividades do dia a dia. Os idosos, principalmente, tendem a ficar insones durante o processo depressivo.
Em crianças e adolescentes, assim como em adultos, a depressão pode ser um episódio único, que foi tratado, resolvido e que nunca mais vai aparecer, mas também pode ser o início de um curso grave de problemas ao longo do tempo.
Toda a juventude é baseada em relações interpessoais por meio das quais as pessoas desenvolvem suas habilidades e a percepção de si mesmas. Quando a depressão está presente, tudo isso é afetado.
Essa interferência no desenvolvimento também impacta o aprendizado e as relações sociais. Se isso é carregado por muito tempo sem o devido acompanhamento, há maiores riscos de prejuízos permanentes no desenvolvimento como, por exemplo, abandono da escola ou dificuldades de se relacionar.
Outro estudo, publicado em 2020 no Journal of Child Psychology and Psychiatry, mostrou que os adolescentes que dormiam mal aos 15 anos eram mais inclinados a ter ansiedade ou depressão aos 17, 21 ou 24 anos.
Realizada no Reino Unido, a pesquisa “Padrões e qualidade de sono autorreferidos em adolescentes: associações transversais e prospectivas com ansiedade e depressão” analisou informações de pouco mais de 5 mil pessoas, acompanhadas dos 15 aos 24 anos, e conclui que dormir mal representa um risco para a saúde mental.
Ter um horário regular de sono e número de horas suficiente é imprescindível, bem como ter uma alimentação adequada, coisas que fazem parte do processo de regularizar ciclo fisiológico de sono e vigília. Se alimentar corretamente e praticar atividade física são outros dois pilares, assim como ter alguém com quem contar.