Roberto Jefferson e Lula
Roberto Jefferson e Lula

Preso no Mensalão, Roberto Jefferson é usado por petistas contra Bolsonaro

Do escândalo dos Correios aos xingamentos que o levaram de volta a cadeia

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A campanha do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva já está produzindo a próxima propaganda na TV com o episódio da prisão de Roberto Jefferson (PTB), que recebeu a Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas de efeito moral na tarde de ontem domingo, (24). Os petistas querem conquistar votos de quem ainda está indeciso nessas eleições.

Envolvimento em esquema de corrupção, prisão, candidatura indeferida à presidência da República. Esses são alguns marcos da biografia do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que, a poucos dias do pleito para escolher o futuro mandatário do Brasil, troca tiros com agentes da Polícia Federal (STF), dispara palavras de baixo calão contra a ministra Cármen Lúcia do Supremo Tribunal Federal, e tem pedido de prisão decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, também do STF.

No famoso episódio do mensalão do governo Lula, do qual participou e foi o primeiro a denunciar, foi condenado pelo STF pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo a pena reduzida em um terço pela colaboração com a investigação do caso.

Em 2005, Roberto Jefferson foi cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados. Já em agosto do ano passado, preso pelo STF, no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos criado e comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem Roberto Jefferson apelidou de Xandão. Com xingamentos à ministra Cármen Lúcia, o político teve a prisão domiciliar revogada.

Em vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB) nas redes sociais no sábado, Jefferson ofende Cármen Lúcia chamando-a de “bruxa” e “Cármen Lúcifer”, além de compará-la a “prostitutas” e “vagabundas”.

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Os xingamentos foram feitos enquanto o ex-deputado – que cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica – comentava uma decisão do TSE que concedeu direitos de resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em canais da Jovem Pan. Cármen Lúcia votou favoravelmente a Lula no julgamento, que terminou em 4 a 3.

Roberto Jefferson acusa o publicitário Marcos Valério de ser o operador financeiro do esquema de mesada aos deputados da base aliada do governo. Valério era dono de duas empresas de comunicação em Minas Gerais, a DNA e a SMP&B, que prestavam serviços em diversas campanhas eleitorais e empresas do Estado.

Documento publicado pela Revista Veja, em 2 de julho de 2005, comprovou que existia relação financeira entre o publicitário Marcos Valério, apontado como principal operador do mensalão, e os dirigentes do PT Delúbio Soares e José Genoíno. Até então, o partido confirmava apenas amizade pessoal de Delúbio com Valério e conversas profissionais sobre serviços prestados pelas empresas de publicidade a campanhas eleitorais.

Segundo o material, Valério negociou e avalizou empréstimo de R$ 2,4 milhões para o PT, no banco BMG, em 17 de fevereiro de 2003. Uma das agências de Valério teria inclusive pago parcela de R$ 350 mil em nome do partido. Outras duas pessoas assinaram o documento: Delúbio Soares e José Genoíno. O tesoureiro do PT se licencia do cargo dias depois, assim como o secretário geral do partido, Silvinho Pereira. Genoíno se negava a deixar presidência do PT.

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Os dólares na cueca

A crise do governo federal por conta do mensalão não ficou restrita apenas a Brasília. Em 8 de julho, José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), foi preso no aeroporto de Guarulhos tentando embarcar com R$ 200 mil em uma mala e US$ 100 mil – quantia equivalente, em 2005, a R$ 250 mil – em um saco plástico dentro da cueca.

O que isso tem a ver com o escândalo? Guimarães é irmão do presidente do PT em 2005, José Genoíno. O assessor não explicou a origem do dinheiro à Polícia Federal, e Genoíno abandonou o cargo um dia depois.

Marcos Valério incluiu Duda Mendonça, marqueteiro de Lula e do PT no escândalo. Mendonça resolveu falar na CPI dos Correios. Segundo ele, quase metade dos gastos da campanha de 2002 tinham origem em Valério. O pagamento era feito com dinheiro não declarado para o exterior e sem emissão de notas fiscais. Cerca de R$ 10 milhões teriam sido pagos por meio de depósitos feitos em nome de uma empresa-fantasma nas Bahamas, aberta por Duda a pedido de Valério. Os recursos passaram dos R$ 15 milhões, disse Mendonça.

Após as declarações do marqueteiro Duda Mendonça, o presidente Lula pede desculpas pela crise em rede nacional em 12 de agosto de 2005, mas diz que não sabia de nada, no mesmo dia, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. afirmou que Lula sabia do preço do PL para apoiar a candidatura presidencial dele em 2002: R$ 10 milhões.

Agora, a confusão causada por Roberto Jefferson pode ser usada pelo mesmo PT, para atacar a campanha de Bolsonaro, atualmente no mesmo PL de Valdemar.

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