Estudo mostra que os jogadores de videogame apresentavam maior ativação de áreas cerebrais envolvidas na atenção e na memória
Além de terem apresentado um desempenho mais rápido nos testes cognitivos, do ponto de vista cognitivo dos jogadores, os games podem até trazer benefícios. Isso é o que aponta um estudo recém-publicado pelo prestigiado periódico JAMA Network Open após uma avaliação de quase duas mil crianças americanas.
Esse é o maior estudo feito até então para avaliar a relação entre a prática de videogames e desempenho cognitivo. Crianças com 9 a 10 anos de idade que jogavam três horas ou mais por dia pontuaram melhor em testes cognitivos envolvendo controle de impulsividade e de memória de trabalho quando comparadas a crianças que não jogavam.
A Academia Americana de Pediatria recomendava que os eletrônicos fossem limitados a duas horas diárias em crianças maiores de seis anos. A partir de 2016, a mesma Academia publicou um novo documento mostrando-se um pouco mais flexível e não deu mais um limite fixo de horas, mas incentivou os pais a limitarem o uso dos eletrônicos visando a não concorrência com as atividades importantes de uma vida. Para as crianças entre 2 e 5 anos recomendou um limite de uma hora por dia de eletrônicos e, para as menores de dois anos, pequenos contatos de atividades inteligentes, sempre acompanhados dos pais.
Uma das tarefas mais difíceis que temos nos dias de hoje é a de limitar o número de horas que os filhos ficam absorvido nos games, concorrendo com o tempo para atividade física, convívio familiar, sono, tarefas escolares, etc. Quanto à socialização com amigos, o mundo dos games até que não é dos piores, pois muitos jogam em plataformas que permitem que o jogo aconteça com outros amigos on-line, mas, na maior parte do tempo, eles jogam sozinhos mesmo, especialmente as crianças.
No presente estudo, além de terem apresentado um desempenho mais rápido nos testes cognitivos, os jogadores de videogame apresentavam maior ativação de áreas cerebrais envolvidas na atenção e memória, medida por ressonância magnética funcional. Curiosamente, tinham também uma menor ativação em áreas visuais, o que sugere um processamento visual mais eficiente.
Vários estudos já tinham demonstrado uma associação entre a prática de jogar videogame e a piora do comportamento e saúde mental entre crianças e adolescentes. O atual estudo sugere que existem também ganhos cognitivos. Na população estudada, não houve maior prevalência, entre os jogadores, de depressão, comportamento agressivo e violento. Infelizmente, a pesquisa não separou categorias de videogames (e.g., esporte, aventura, luta) e o impacto cognitivo separado por tipo de videogame deverá ser explorado em futuros estudos.