Recibo mostra que joias doadas pela Arábia Saudita foram entregues pessoalmente ao ex-presidente no Palácio da Alvorada, um mês antes dele ir para os Estados Unidos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu pessoalmente um segundo pacote com joias sauditas que entraram ilegalmente no país. É o que atesta o documento oficial emitido no dia em que o pacote chegou à residência oficial do Palácio da Alvorada.
Em um dos campos do recibo, consta a pergunta se o pacote foi “visualizado pelo presidente”. Em seguida, um “x” marca a opção “sim”.
Quem assina o recibo é o funcionário Rodrigo Carlos do Santos, às 15h50 do dia 29 de novembro de 2022, portanto, antes de Bolsonaro ir para os Estados Unidos, onde se encontra até hoje.
O documento lista os itens preciosos dados pelo governo da Arábia Saudita, todos da marca suíça de diamantes Chopard:
- relógio;
- caneta;
- anel;
- abotoaduras;
- masbaha (um tipo de rosário).
Em nota, o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou que o ex-presidente não cometeu irregularidade.
“O presidente Bolsonaro agindo dentro da lei, declarou oficialmente, os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo qualquer irregularidade em suas condutas”, afirmou a defesa.
“Todos os atos e fatos relacionados ao Presidente Bolsonaro – ao contrário do que vem sendo divulgado pela grande mídia – estão em conformidade com a lei. Estão tirando certas informações de contexto gerando mal entendido e confusão para o público”, completou o advogado.
Os itens foram trazidos ao Brasil por uma comitiva do Ministério de Minas e Energia, que representou o governo brasileiro em um evento na Arábia Saudita em outubro de 2021.
A comitiva, liderada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, trouxe dois pacotes com presentes sauditas da marca Chopard.
O primeiro, segundo contou Bento Albuquerque ao “Estado de S. Paulo”, era destinada a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e continha R$ 16,5 milhões em joias.
O primeiro pacote foi retido pela Receita Federal na alfândega do Aeroporto de Guarulhos. Um assessor de Bento Albuquerque tentou entrar com as joias escondidas na mochila, sem declarar que estava com os itens, contrariando a legislação.