Pantanal: Rio Miranda enfrenta decoada e comemoração de empresários vira luto

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Falta de oxigênio na água, resultado da decomposição da vegetação seca e das cinzas, peixes de até 30 quilos estão morrendo

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Matéria Original de O Estado

Centenas de peixes mortos começaram a aparecer no Rio Miranda na região do Passo do Lontra nesta sexta-feira – Rogério Walter

Depois de comemorarem a chegada de grande volume de água ao Pantanal, moradores e empresários do setor da pesca do Passo do Lontra estão literalmente de luto por causa de um fenômeno conhecido como decoada, que provoca a mortandade em massa de peixes.

Conforme o empresário Rogério Iehle Walter, que há mais de três décadas vive na região do Passo do Lontra, às margens do Rio Miranda, “a quantidade de peixe mortos que está descendo o rio é muito grande”. 

E, de acordo com ele, o fenômeno começou a ser verificado nesta sexta-feira e atinge todas as espécies, independentemente do tamanho. “Está morrendo desde bagre até pintado de 25 a 30 quilos”, lamenta. 

A mortandade ocorre principalmente por causa da decomposição da vegetação seca e das cinzas das queimadas dos últimos anos que estão sendo levados para o leito do Rio Miranda. “Isso reduz o nível de oxigênio na água e os peixes acabam morrendo”, explica Rogério. Lembrando que nos últimos três anos as queimadas no Pantanal tiveram repercussão mundial por causa da grande quantidade de vegetação destruída. 

Há quatro anos que o rio não subia tanto (na régua na cidade de Miranda chegou a 7,34 metros, sendo que o nível de alerta é 7 metros) e por isso a quantidade de vegetação seca e de cinzas neste ano está acima do normal. 

Na região do Passo do Lontra, onde o fenômeno da dequada está sendo registrado nesta sexta-feira, o rio ainda não transbordou, mas rio acima ele já se esparramou pela planície pantaneira faz cerca de três semanas e esta água com baixo nível e de oxigênio e com as centenas peixes mortos está chegando agora àquela região. 

Pantanal está acima do nível no Rio Miranda

Rogério Walter diz que há pelo menos dez anos não se via tamanha mortandade no Passo do Lontra. “Nós que dependemos deste rio para tirar nosso sustendo ficamos muito tristes. Os turistas cancelam as reservas porque ninguém sabe quando isso vai acabar”, desabafa o empresário que administra um pesqueiro e uma pousada com capacidade para até 55 pessoas. 

Na semana passada, ele estava comemorando aumento de 30% nas reservas porque muita gente tomou conhecimento de que o Pantanal voltaria a ter cheia naquela região e já estava programando pescarias no Rio Miranda. “Agora, ao ver os peixes agonizando e morrendo, aquela comemoração virou luto”, lamenta.

Enquanto durar o fenômeno, os peixes simplesmente não se alimentam e nenhum pescador vai gastar dinheiro para ficar num rio em que não dá peixe, explica ele. Além disso, a mortandade reduz o estoque pesqueiro e vai prejudicar o turismo por tempo indeterminado. Para ele, o que está acontecendo é “uma verdadeira catástrofe ambiental”. 

Por causa da gravidade da situação, ele acredita que a mortandade seja consequência também de agrotóxicos usados na produção agrícola e que agora chegaram aos mananciais. “Isso também é resultado de lavoura e desmatamento das matas ciliares nas margens do rio feita pelos fazendeiros”. 

Enquanto os peixes estão agonizando na água eles seguem próprios para o consumo humano, mas mesmo assim a legislação permite que cada pessoa capture apenas um exemplar e mais cinco piranhas para o consumo próprio, conforme o tenente coronel Edmilson Queiroz, chefe de comunicação da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul.

De acordo com ele, a decoada é um fenômeno natural que ocorre ciclicamente no pantanal e os peixes mortos acabam servido de alimento para outros peixes, jacarés, pássaros e outros animais. “Existe toda uma cadeia alimentar que acaba reduzindo os efeitos negativos deste fenômeno”, explica o coronel.

Porém, de acordo com ele, as espécies mais nobres, como o dourado, são as mais sensíveis ao fenômeno. Por outro lado, os cascudos, que são os mais resistentes, dificilmente morrem, mas também não servem de atrativo para os turistas.

Conforme o comandante da Policia Militar Ambiental de Corumbá, Kelvim Valente, “infelizmente existem pessoas que não possuem consciência e realizam pesca de forma ilegal” em meio a este fenômeno e por isso a fiscalização será intensificada imediatamente onde a decoada for registrada.

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