Ataque aconteceu na manhã desta segunda-feira. Estudante que fez o relato fugiu para não ser morto. Aluno xingado pelo agressor dias atrás não estava na escola hoje. Na porta da escola, pais relataram que agressões físicas entre os alunos são constantes na escola.
Quatro professoras e um aluno foram esfaqueados manhã desta segunda-feira (27) dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, segundo o governo de São Paulo. Uma das professoras morreu.
Elisabete Tenreiro, 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário, da USP.
Um aluno da escola detalhou o que ocorreu na semana anterior ao incidente. Uma professora foi morta e três ficaram feridas.
Gabriel, de 13 anos, disse estudar na mesma sala do autor das agressões. Segundo o aluno, há alguns dias, o agressor xingou outro aluno de “macaco”, o que ocasionou uma briga.
Ainda de acordo com o estudante, a professora que foi morta pelo aluno foi a responsável por ter apartado a confusão e, após isso, aluno jurou vingança. A Polícia Civil apura essa versão.
Ainda de acordo com o relato de Gabriel, o aluno xingado de “macaco” não estava na escola nesta segunda-feira, somente a professora que foi atacada com golpes de faca.
“Foi assim: chamou o menino de preto e macaco. O outro menino (vítima de racismo) não gostou e partiu para cima dele. A professora “‘Beth’ separou. Aí hoje esse menino que chamou o outro de macaco veio com com uma faca e esfaqueou várias vezes a professora aqui e aqui (disse ele tocando na cabeça). Ele já falou que iria fazer isso, mas ninguém acreditava. Ele estava atrás de mim tentando me matar. Na hora, eu corri e me escondi ali atrás e fiquei cerca de uns 40 ou 60 minutos esperando a polícia chegar”, contou Gabriel, aluno que estuda na mesma sala do autor adolescente, autor das agressões.
Ainda segundo Gabriel, o adolescente entrou na sala nesta manhã, enquanto os estudantes estavam na sala de aula.
“Ele entrou com uma máscara preta com caveira, já chegou por trás esfaqueando a professora e nem deu para ela se defender”, relatou.
‘Brigas frequentes’
O estudante falou, já na porta da escola e ao lado da mãe, que chegou aos prantos para buscá-lo. Ao falar com a TV Globo, ela contou que a escola têm brigas frequentemente.
“Na sala dele, na semana passada, teve uma briga por racismo, um pulou em cima do outro. É muita briga nesse colégio. Falei que ter uma polícia lá e falavam que não podia fazer nada, tem que ser o Estado”, contou a Maria Das Graças.
Ela e outros pais de alunos foram para a frente da instituição pela manhã, após os responsáveis ficarem sabendo do ocorrido. Desesperados, eles se deslocaram até à unidade de ensino na tentativa de retirar os filhos que ainda estavam em horário de aula e foram contidos por Policiais Militares, que tentam preservar a segurança do local.
Aos poucos, os estudantes foram sendo retirados pelos responsáveis. Era possível ver algumas crianças saindo desnorteadas e outras chorando.
A doméstica, Maria José Fernandes é mãe de um outra aluna que estuda na instituição e disse que a filha contou que o ataque nesta manhã aconteceu em razão de uma confusão anterior, em que a professora “Beth”, teria apartado os alunos, impedindo que o autor agredisse a um outro aluno.
“O menino (autor do ataque) ameaçou um outro aluno que chama Daniel e a professora Beth, que é uma das melhores da escola, não deixou. Então, o adolescente atacou a professora. A minha filha, aluna do sexto ano, disse que o menino já planejava vir para matar o adolescente. Não sei o motivo das brigas. Minha filha ainda está muito nervosa e só me contou esses detalhes. A escola é uma escola de período integral e não tem estrutura para isso”, relatou a doméstica, Maria José Fernandes.
Inicialmente, a polícia havia informado que dois alunos tinham sido atingidos. Um deles, porém, foi socorrido em estado de choque, mas sem ferimentos. A outra criança ferida sofreu um corte no braço e foi levada a um hospital da região. Segundo a mãe de outro aluno, ele tentou salvar uma das professoras e ficou ferido superficialmente.
Uma das professoras foi levada para o Hospital das Clínicas e o outra para o Hospital Bandeirantes.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) que cumpre agenda fora do país, lamentou por meio das redes sociais “Não tenho palavras para expressar a minha tristeza”, escreveu ele.
O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), também lamentou o ataque. “Uma tragédia que nos deixa sem palavras”, disse.
De acordo com a Polícia Militar, o agressor, um aluno do oitavo ano, foi contido pelos policiais e levado para o 34° DP, onde o caso está sendo registrado.