Fiéis eram incentivados por pastor a entrar em jejum até “conhecer Jesus”. Equipe de resgate encontrou 34 sobreviventes na seita
O ministro do interior do Quênia, Kithure Kindiki, informou, nesta terça-feira (25), que o número de mortos confirmados em seita religiosa do país subiu para 89. De acordo com as investigações, as vítimas integravam um grupo que havia se recolhido na floresta Shakahola, em Malindi, para fazer jejum até “conhecer Jesus”.
O político acrescentou que mais três pessoas foram resgatadas com vida, com quadros graves de desnutrição. No total, 34 sobreviventes foram encontrados e encaminhados para atendimento médico desde o início das buscas, em 14 de abril.
Preso em Malindi após descoberta dos casos, o pastor Makenzie Nthenge é acusado de usar sua posição para convencer fiéis a entrarem em greve de fome a fim de ver Jesus. O líder religioso, responsável pela Igreja Internacional das Boas Novas, nega as acusações e diz que encerrou as atividades como presbítero em 2019.
No entanto, Nthenge havia sido detido no último mês depois de ser acusado de incentivar o jejum para duas crianças da cidade, que morreram de fome. À época, o pastor pagou fiança equivalente a US$ 740 e foi liberado.
Na segunda-feira (24/4), a polícia queniana havia encontrado 70 corpos na floresta Shakahola. Parte deles pertencia a famílias inteiras enterradas em uma mesma vala, com pais e filhos juntos. As autoridades acreditam que ainda existam fiéis escondidos na mata para continuar o jejum e seguem com as buscas.
Durante a operação do último fim de semana, uma mulher foi resgatada viva, com os olhos fora de órbita, enquanto se negava a ingerir qualquer tipo de alimento.
“O que vimos em Sakhola é algo característico de terroristas”, afirmou o presidente queniano, William Ruto, nesta segunda. “Os terroristas usam a religião para promover seus atos hediondos. Pessoas como Mackenzie utilizam a religião para fazer exatamente o mesmo”, criticou.