Investigações do Gaeco e da 48ª DP (Seropédica) revelaram que miliciano Tandera ofereceu apoio a quatro pré-candidatos nas eleições de 2020
Thaianna Cristina Barbosa dos Santos, de 32 anos, conhecida como Thay Magalhães vinha fazendo carreira ascendente na política, mas foi denunciada por envolvimento com a milicia do Rio de Janeiro que trabalha para infiltrar gente comprometida com o crime organizado na política.
Thay, que é dentista, ficou famosa por algumas polêmicas no carnaval carioca.
Antes de ser flagrada pelas investigações do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e da 48ª DP (Seropédica), que mostraram que ela e outros três pré-candidatos negociaram apoio com o miliciano Tandera nas eleições de 2020, Thay vinha assumindo sucessivos cargos públicos comissionados. Enquanto muita gente procura um emprego, a mulher chegou a ter três cargos simultaneamente.
Em outubro de 2018, Thay então com 27 anos já atuava na Prefeitura de Belford Roxo. Ela foi nomeada pelo prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, marido da atual ministra do Turismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para integrar uma Comissão Especial de Credenciamento de Serviços de Saúde para Contratação de Prestadores de Serviços para Secretaria de Saúde daquele município.
Ela exerceu o cargo de secretária adjunta por sete meses e deixou a comissão em maio de 2019.
Nomeação tripla em 2019
Antes, no entanto, Thay já estava nomeada como secretária parlamentar no gabinete do deputado federal Márcio Labre, em Brasília, como mostra o site da Câmara.
Foram dois períodos no cargo: de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, e de fevereiro de 2020 a junho daquele mesmo ano. A remuneração bruta era de quase R$ 15 mil.
Em fevereiro de 2019, ela também foi nomeada pelo deputado André Ceciliano como assessora parlamentar V, na Alerj – junto à vice-liderança, exercida pelo deputado Alexandre Knoploch.
Ou seja, em fevereiro de 2019, Thay era funcionária da Prefeitura de Belford Roxo, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e de um gabinete da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Thay Magalhães só pediria exoneração do cargo no gabinete do deputado Márcio Labre em junho de 2020 para se candidatar à prefeitura de Mesquita. Foi nessa campanha política que foi flagrada com o miliciano Tandera.
Thay não se elegeu, ficando em terceiro lugar na disputa, mas não ficou fora da política: ganhou um cargo comissionado na Casa Civil do Governo do Estado em fevereiro de 2021.
Carnaval X Política
Em março de 2021, Thay foi anunciada como rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti, e começou a se dedicar aos compromissos da escola.
Ela exibia uma rotina de malhação, aulas de samba, eventos na agremiação e, no começo de junho, ganhou um quadro em um programa de TV, o “Vem com a Thay”, onde entrevistava personalidades e mostra curiosidades da vida dos famosos.
A rotina agitada ocorreu enquanto ela exercia o cargo de assessora da Subsecretaria de Administração da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, posto comissionado para o qual foi nomeada em 11 de fevereiro daquele ano com salário bruto de R$ 8 mil.
O local de trabalho de Thay era no Palácio Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, das 9h às 18h. Mas por causa da pandemia, deveria alternar trabalho presencial e de home office durante o seu horário de trabalho.
Procurada na época, a assessoria da Casa Civil informou que, “a funcionária Thaianna Cristina Barbosa dos Santos vinha alternando o trabalho presencial e homeoffice, mas que iria abrir um processo administrativo para avaliar as ações da funcionária durante o horário de expediente”.
Thay foi dispensada do Governo do Estado, e não faz mais parte da escola de samba Paraíso da Tuiuti.