Febre maculosa foi a causa da morte de dentista, diz Instituto Adolfo Lutz. Mariana Giordano, de 36 anos, e o namorado, Douglas Costa, de 42, passaram a ter sintomas no dia 3 de junho e faleceram cinco dias depois
O Instituto Adolfo Lutz confirmou nesta segunda-feira (12) que a a dentista Mariana Giordano, de 36 anos, morreu de febre maculosa. Ela e o namorado, o piloto Douglas Costa, de 42, tinham visitado duas áreas rurais de Campinas, no interior do estado, além da cidade de Monte Verde, em Minas Gerais.
Eles passaram a ter sintomas de febre, manchas avermelhadas pelo corpo e dores no dia 3 de junho e faleceram cinco dias depois.
“A Secretaria de Estado da Saúde informa que o Instituto Adolfo Lutz confirma o diagnóstico de febre maculosa de M.G.P., 36 anos, biomédica e dentista, que morreu subitamente em São Paulo após ser internada apresentando febre e dores de cabeça que se iniciaram no dia 03 de junho de 2023. Segundo relatos da paciente, ela notou marcas de picada de inseto em seu corpo após uma breve viagem a Campinas antes de começar a desenvolver os sintomas. Viajou a Monte Verde (MG) na semana seguinte, mas começou a apresentar sintomas já no segundo dia da estadia. O namorado de M.G.P., D.P.C., de 42 anos, foi internado com o mesmo quadro de sintomas no dia 07 de junho. Ambos morreram no dia 08. O material coletado para diagnóstico de D.P.C. segue em análise no IAL”, diz nota.
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria transmitida através da picada de carrapato-estrela, ou seja, ela não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato e seus sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta. Há no estado duas espécies da bactéria causadora da doença.
Ainda de acordo com a secretaria, na região metropolitana da capital paulsita, há pouquíssimos registros dada a urbanização da área. No interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, nas regiões mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Os municípios de Campinas e Piracicaba são, hoje, os dois que apresentam o maior número de casos registrados da doença.
Em 2023, foram registrados 9 casos de febre maculosa e 3 óbitos. Ambas as versões são potencialmente letais e demandam atendimento rápido para o recebimento de antibiótico específico.
O índice de letalidade, de 75%, mostra o quanto a doença, que tem no carrapato-estrela seu principal transmissor, é perigosa e fatal. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, até março deste ano foram notificados dois casos e os dois resultaram em óbitos – letalidade de 100%. De acordo com especialista, a infecção simultânea não é rara. O número deste ano não inclui os óbitos do piloto Marcelo Costa, de 42 anos, e da dentista Mariana Giordano, de 36, que morreram no último dia 5, com sintomas da doença.
A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença.No dia 27 de maio, o casal almoçou em uma fazenda em Campinas. Nos dias 3 e 4 de junho, foram para Monte Verde, no Sul de Minas Gerais. Os sintomas começaram a aparecer no dia 3 de junho. Eles relataram febre, dor e manchas vermelhas na pele. Os dois morreram 5 dias depois, na quinta-feira, 8 de junho. Douglas morreu por volta das 12h, e Mariana às 16h.
De acordo com o Governo de São Paulo, antes desse casal, aconteceram dois casos e duas mortes provocadas por febre maculosa em 2023. Em 2022, foram 62 casos e 47 mortes.
Quando a pessoa vai para uma área sujeita à presença de carrapatos, que se fixam na roupa e passam para o corpo. Para transmitir a doença é preciso que o carrapato fique ao menos 4 horas grudado na pele da pessoa. O problema é que os micuins – carrapatos jovens e pequenos – também são transmissores e são difíceis de serem vistos a olho nu. As lesões são parecidas com picadas de pulga, por isso é importante informar ao médico se esteve em regiões onde há registro de capivaras ou casos da febre.
Uma vez que a pessoa é infectada, os sintomas surgem de forma repentina e progridem rapidamente, causando febre alta, dores no corpo e o aparecimento de manchas vermelhas, inclusive na palma das mãos e na planta dos pés. Essas manchas crescem e se tornam salientes.
No início, a doença pode ser tratada com antibióticos, o que torna imprescindível o diagnóstico rápido. Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, a imprecisão no diagnóstico inicial pode gerar complicações graves. Após 4 ou 5 dias, a medicação não surte o efeito esperado.
Para se proteger e facilitar a visualização dos carrapatos, as pessoas devem usar roupas claras quando entrarem em locais de mato. Se localizar um carrapato na pele, é preciso retirar com cuidado, usando uma pinça, evitando esmagá-lo para que não injete o veneno. O uso de repelentes também é recomendado.