Senador acusou ex-presidente e ex-deputado Daniel Silveira de proporem envolvimento dele em plano de golpe de Estado
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (16) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preste novo depoimento à Polícia Federal. É o quarto depoimento dele autorizado este ano pelo STF (relembre abaixo).
Bolsonaro será ouvido em desdobramento das investigações sobre a suposta participação do senador Marcos do Val numa trama golpista. A PF quer ouvir outros personagens que teriam interagido com o parlamentar.
Em fevereiro deste ano, Do Val acusou Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, no fim do ano, para propor o envolvimento do senador em um plano de golpe de Estado. Além do ex-presidente, vão ser ouvidos o próprio Do Val e Daniel Silveira.
Na quinta-feira (15), Marcos do Val foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.
A PF encontrou conversas entre o senador e Daniel Silveira, indicando que agiram em conjunto na tentativa de sabotar investigações relacionadas aos atos golpistas, além de fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), à PF e a outros envolvidos nas apurações.
Chamou também atenção dos investigadores as várias mudanças de versões do senador sobre a suposta articulação de golpe de estado.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília e no Espírito Santo.
Desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro já prestou depoimento à PF em, pelo menos, três ocasiões.
No início de abril, ele foi ouvido no inquérito que apura a tentativa de liberação de joias doadas pelo regime saudita, avaliadas em R$ 5 milhões. O material entrou irregularmente no país e foi apreendido. No fim do mandato, uma equipe da presidência tentou reavê-lo junto à Receita, sem sucesso.
No depoimento, Bolsonaro alegou que ficou sabendo das joias sauditas um ano depois, mas não se lembra de quem o avisou.
Já em maio, Bolsonaro foi ouvido no inquérito que apura fraude em cartões de vacina dele, da filha e de auxiliares. O ex-presidente negou ter dado ordens para inserir dados falsos sobre vacina no sistema do Ministério da Saúde.