Comunista Flávio Dino já havia autorizado devolver espião para seu país, acreditando em mentira de Moscou para recuperar agentes infiltrados
O Ministério da Justiça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou preliminarmente o pedido do governo de Joe Biden de extradição do espião russo, Sergey Vladimirovich Cherkasov , que está preso no Brasil, para os EUA.
Segundo fontes governamentais, a Rússia de Putin já havia pedido antes a extradição de Cherkasov, com alegação falsa de tratar-se de um criminoso comum. Essa mentira é uma tática usada frequentemente pelos russos para repatriar seus espiões quando eles são presos no exterior.
O Ministério da Justiça de Lula, comandado pelo comunista Flávio Dino, fingiu que acreditou na mentira russa ou então, realmente foi feito de bobo por Putin e deu ok para devolver o criminoso para seu chefe.
Algumas autoridades brasileiras, porém, sabem que a alegação é falsa e, nos bastidores, se opõem à ideia de mandá-lo de volta para Moscou.
O pedido feito pelo governo russo e já aprovado pelo Ministério da Justiça brasileiro está há meses em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Edson Fachin. O STF só deve decidir o destino do espião depois que as investigações apontarem todos os crimes cometidos por Cherkasov.
Cherkasov foi preso pela Polícia Federal em abril do ano passado na Holanda e extraditado de volta ao Brasil, onde foi preso no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Já condenado por uso de documentos falsos, ele está recolhido em uma área especial da penitenciária federal de segurança máxima de Brasília, a Papuda.
Integrante do GRU, braço da inteligência militar russa, o espião viveu durante anos no Brasil e havia assumido uma identidade brasileira, a qual foi usada, inclusive, para viajar e fazer um curso nos Estados Unidos, motivo pelo qual ele passou a ser investigado também em território americano.
A prisão de Cherkasov aconteceu porque autoridades holandesas desarticularam um plano para infiltrá-lo, usando a identidade brasileira, na Corte Penal de Haia, na Holanda, onde correm processos contra o presidente russo, Vladimir Putin.
Flagrado ao chegar na Holanda em um voo que havia partido de Guarulhos, ele foi enviado de volta ao Brasil e a Polícia Federal brasileira, foi acionada pelas autoridades holandesas, para prender o espião no desembarque do voo de volta.
O governo de Joe Biden pediu a extradição de Cherkasov para os Estados Unidos por ele ter usado a identidade brasileira falsa e operado em solo americano no período em que esteve por lá. Mas, o departamento de extradição do Brasil entendeu que não haviam sido cumpridos todos os requisitos para extraditar o criminoso aos EUA.
Cherkasov usava o nome falso brasileiro de “Victor Muller”, com o qual estudou na prestigiada Escola de Estudos Internacionais Avançados (SAIS na sigla em inglês) da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, um programa de pós-graduação de elite que é escolhido por militares, jovens diplomatas e até por futuros espiões.
Quando casos de extradição são aprovados no Ministério da Justiça do Brasil, eles são enviados em seguida ao STF, que também julga o pedido. Mas depois da Corte Suprema, a decisão final sobre extraditar ou não é sempre exclusiva do presidente da República, que pode, caso a caso, usar critérios políticos para atender ou negar as solicitações.
Por enquanto, o espião que tinha a missão de atrapalhar no Tribunal Penal de Haia, processos contra Putin por crimes cometidos contra a humanidade, continuará na Papuda.