Cúpula da PMDF é presa em Brasília

Sete mandados de prisão e cinco de busca e apreensão foram cumpridos por determinação do STF

a Polícia Federal (PF) deflagram, na manhã desta sexta-feira (18), uma operação contra integrantes e ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. Os agentes cumprem sete mandados de prisão e cinco de busca e apreensão.

A Operação Incúria é resultado da denúncia que o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR ofereceu nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a investigação, a cúpula da PM deixou de agir para impedir o vandalismo contra as sedes dos Três Poderes, em razão do alinhamento ideológico com os manifestantes golpistas.

Todos são acusados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM.

A defesa do coronel Naime afirmou que recebe a operação com estranheza. “O Naime é inocente e vamos comprovar isso”, afirmou Gustavo Mascarenhas. A reportagem tenta contato com os demais citados.

Veja quem são alvos:

  • Coronel Klepter Rosa Gonçalves

Coronel Klepter Rosa Gonçalves, na CLDF — Foto: TV Câmara Distrital/Reprodução
Coronel Klepter Rosa Gonçalves

Rosa era subcomandante da Polícia Militar do DF e um dos responsáveis pela tropa no dia 8 de janeiro, dia da invasão às sedes dos Três Poderes. Foi ele quem autorizou a folga do então chefe do Departamento Operacional da PM, o coronel Jorge Eduardo Naime, entre os dias 3 e 8 de janeiro.

Klepter Rosa foi nomeado interinamente pelo ex-interventor federal Ricardo Cappelli para assumir o comando-geral da PM, no dia 10 de janeiro. Já no dia 15 do mesmo mês, ele assumiu definitivamente o comando-geral da corporação no lugar do coronel Fábio Augusto Vieira.

  • Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues

Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues é ouvido na CPI dos Atos Antidemocráticos — Foto: Reprodução
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues é ouvido na CPI dos Atos Antidemocrático

O coronel é ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF. Ele era o oficial encarregado de fixar os horários dos policiais militares nas escalas do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Casimiro foi nomeado pelo ex-secretário de Segurança Público Anderson Torres.

No dia 11 de janeiro, ele foi exonerado pelo ex-interventor federal Ricardo Cappelli. O coronel Casimiro chegou a dizer que, no dia 8 de janeiro, não estava no comando nem na função de comandante. Ele afirmou que escalou o major Flávio Silvestre de Alencar no final de sábado, 7 de janeiro, a pedido do departamento operacional. Essa informação foi dada no depoimento à CPI da CLDF, em 5 de junho.

  • Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra

O Departamento de Operações da PMDF estava sob responsabilidade do coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, que atuava como chefe interino, à época. Um relatório da Polícia Federal identificou que, de fato, Paulo José deveria ter cumprido o plano de segurança, mas não o fez. Paulo José foi convocado para prestar depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF, mas apresentou atestado e não foi.

  • Coronel Jorge Eduardo Naime

Naime era chefe do Departamento de Operações da PM em 8 de janeiro, mas estava de licença-recompensa desde o dia 3 do mesmo mês. Ele foi exonerado do cargo em 10 de janeiro e está preso desde 7 de fevereiro.

O coronel foi alvo da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal, que apura a omissão de militares no enfrentamento aos vândalos e também a suspeita de colaboração com os atos golpistas.

A defesa de Naime já tentou revogar a prisão dele no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) alegou que a soltura dele poderia representar riscos à investigação.

O ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que as condutas do militar “são gravíssimas” e que não há alteração dos elementos que justificaram a prisão. Na decisão, o ministro também disse que é preciso esclarecer ainda a real motivação da ausência de Naime em um momento tão sensível como o dia 8 de janeiro.

  • Major Flávio Silvestre de Alencar

O major comandava o 6º Batalhão da PMDF, responsável pela Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios, cobrindo férias do titular. No dia 8 de janeiro, Flávio foi flagrado, por uma câmera de segurança, em um carro da corporação que escoltava outros veículos para longe da grade de contenção que impedia os bolsonaristas de avançar até o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).

Flávio disse em um grupo de conversas de militares que “na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso”. A mensagem foi enviada em 20 de dezembro, antes dos ataques do dia 8 de janeiro. A conversa aconteceu em um grupo chamado “Oficiais PMDF”. Na troca de mensagens, os policiais comentavam sobre possíveis manifestações em Brasília.

  • Tenente Rafael Pereira Martins

O policial militar atuou durante a invasão às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Em depoimento à Polícia Federal, o tenente afirmou que o “baixo efetivo” da PM na Esplanada dos Ministério “ocasionou a dificuldade em conter os manifestantes”. Martins disse ainda que, por volta das 15h30 do dia 8 de janeiro, ordenou a retirada da tropa de choque da PM porque “diversas armas não letais” apresentavam pane e havia pouca munição química.

  • Coronel Fábio Augusto Vieira

Fábio Augusto era comandante-geral da PM no dia dos atos terroristas, cargo que ocupava desde abril de 2022. Ele foi exonerado e preso, no dia 10 de janeiro, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo o ministro, havia fortes indícios de que os ataques do dia 8 de janeiro só puderam ocorrer com a participação ou omissão das autoridades de segurança do DF.

Fábio Augusto foi solto dia 3 de fevereiro. Alexandre de Moraes considerou o relatório do ex-interventor federal Ricardo Capelli, que apontou que, a princípio, o ex-comandante não teria sido diretamente responsável pelas falhas das ações de segurança que resultaram os atos criminosos.

De acordo com o relatório, Vieira atuou na operação, tendo inclusive se ferido em confronto direto com manifestantes e que as solicitações de reforço feitas por ele não foram atendidas.

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