O Governo Lula favoreceu aliados políticos com a herança do orçamento secreto e o pagamento do dinheiro chegou a sair em 24 horas, segundo o Estadão
Segundo uma reportagem do jornal Estadão publicada nesta sexta-feira (25), o estado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aliado que trabalha para Lula no Congresso, Alagoas é o Estado mais beneficiado.
Além do estado de Lira, ministros do governo Lula concentram a verba em seus próprios redutos eleitorais.
Segundo o periódico, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um ritmo acelerado no repasse de recursos herdados do orçamento secreto e favoreceu inclusive os seus próprios ministros, ao liberar os repasses em áreas como saúde, assistência social e agricultura.
Em alguns casos, o dinheiro caiu na conta das prefeituras 24 horas depois de ter sido reservado no orçamento, algo incomum na máquina pública.
Alagoas foi o Estado que mais recebeu recursos neste ano, principalmente por conta das programações do Ministério da Saúde. Entre as instituições privilegiadas com o dinheiro do governo federal, está um hospital administrado por uma prima de Lira. O dinheiro foi empenhado em um dia e efetivamente pago no dia seguinte para a prefeitura de Maceió, que intermediou o repasse.
Em outros quatro ministérios (Agricultura, Educação, Desenvolvimento Social e Cidades), os ministros privilegiaram seus próprios Estados na hora de mandar o dinheiro.
Além disso, houve concentração de empenhos do Ministério do Desenvolvimento Regional no Piauí, reduto do relator-geral do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) privilegiou a Bahia, de onde é o deputado que apadrinhou o presidente do órgão no cargo.
Tudo isso sem transparência sobre os verdadeiros “donos” das indicações.
Com o direcionamento e a falta de transparência, o governo Lula adotou a mesma prática tocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter criticado o esquema na campanha eleitoral.
O orçamento secreto foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O Congresso, no entanto, deu um jeito para garantir o mecanismo no Orçamento de 2023, com a sanção de Lula.
Parte dos valores foi transferida para os ministérios, um total de R$ 9,85 bilhões.
Antes das eleições presidenciais do ano passado, Lula classificou o orçamento secreto como uma “excrescência“. “Se é secreto, tem safadeza“, disse o petista durante um discurso em maio, na pré- campanha.
Na época, o então candidato do PT chegou a dizer que o Congresso era o “pior da história” e defendeu a retomada do controle do dinheiro federal pelo Executivo, o que não aconteceu.
Depois de eleito, Lula afirmou que as emendas não deveriam mais ser “secretas“, mas foi aconselhado por aliados a parar com as críticas e fazer uma aliança com Artur Lira.