Anulação prejudica “diversas ações e investigações”, disse o procurador-geral de Justiça Mário Sarrubbo
O Ministério Público do Estado de São Paulo apresentou um recurso contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli que anulou as provas obtidas pela Lava Jato em cooperação com a Justiça da Suíça que levaram ao acordo de leniência da Odebrecht.
A medida foi tomada em meio à indecisão da PGR sobre contestar ou não a decisão do ministro do STF.
Segundo o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, no Ministério Público paulista tramitam “diversas ações e investigações” relacionadas à empreiteira que podem ser afetadas pela decisão de Toffoli. Essas investigações foram baseadas em elementos obtidos nos sistemas Drousys e MyWebDayB.
O próprio ministro que anulou as provas aparece no sistema com o apelido de “Amigo do amigo do meu pai”, que segundo Marcelo Odebrecht era Dias Toffoli, apelidado assim por ser amigo do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que por sua vez era amigo do patriarca da Odebrecht, Emílio.
No recurso, o MP-SP lembra que a origem do processo foi uma reclamação da defesa de Lula —na época, chefiada por Cristiano Zanin, hoje colega de Toffoli no Supremo— com o objetivo de garantir ao petista acesso a documentos e provas do acordo de leniência da Odebrecht.
No entanto, ao anular todas as provas obtidas na leniência, Toffoli abriu espaço para beneficiar diversos políticos. “Não há como se ampliar a concessão da ordem para atingir processos e investigações indistintas, em que não se tem conhecimento sequer dos fatos e sujeitos investigados”, afirma Sarrubbo.