Senadores podem abrir CPI para investigar mercado bilionário das milhas em passagens aéreas

Investigações abertas na Câmara dos Deputados podem culminar até em pedido de prisão de empresários, mas senadores do Podemos querem investigar mais possíveis crimes

Senadores da Bancada do Podemos discutem possível solicitação à Mesa Diretora do Senado Federal, a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nos moldes da CPI da Câmara dos Deputados sobre pirâmides financeiras que investiga fraudes nas plataformas de Internet que comercializam milhas e passagens aéreas.

Os parlamentares do Podemos estão dialogando sobre a possibilidade de ampliar as investigações e elucidar crimes cometidos contra a economia popular que já gerou milhões de reais em prejuízo a milhares de passageiros e investidores. A nova CPI do Senado deve focar nessas plataformas voltadas para o setor de turismo como um todo, diferente da CPI da Câmara que foca pirâmides financeiras.

Segundo os parlamentares, “é preciso, considerando a relevância e gravidade das suspeitas em torno das atividades da empresa 123milhas, o que levanta questionamentos sobre a saúde financeira da empresa e a possibilidade de irregularidades que merecem ser investigadas minuciosamente, é de interesse público e responsabilidade desta CPI garantir uma investigação completa e rigorosa das ações da referida empresa, a fim de proteger os direitos dos consumidores e coibir práticas fraudulentas”.

A CPI deve abrir um leque maior sobre as atividades de vendas e entregas de pacotes do setor de turismo no Brasil que movimenta mais de 20 bilhões por ano. Existem nesse mercado empresas que até buscam formar investidores no setor de milhagens. um “Curso de milhas”, anunciava na Internet, o Faria Lima Elevator, no Twitter, seria um “curso de day-trade”. Alguns mostram como acumular mais milhas para viajar gastando menos.  Há táticas mesmo para isso. Já outros prometem fórmulas mágicas para que você ganhe coisa de R$ 5 mil por mês de renda extra “operando” no mercado de milhas.

Uma vez transferidas do cartão para a companhia aérea, as milhas têm prazo de validade – geralmente dois ou três anos. Se esse limite está chegando e você sabe que não terá tempo para viajar, pode presentear alguém emitindo uma passagem em seu nome. Não se trata de uma liberdade irrestrita. As companhias estabelecem um limite de pessoas para quem você pode emitir os bilhetes. No TudoAzul, são no máximo cinco CPFs por conta. Na Smiles e no LATAM Pass, 25 por ano.

Há outras limitações: na Smiles, você só pode transferir 40 mil milhas por ano. No TudoAzul, 50 mil. O mais generoso nesse quesito é o LATAM Pass, que permite 500 mil. E custa caro. Na Smiles e no TudoAzul, a taxa é de R$ 60 a cada mil milhas. Dá R$ 2.400 para transferir 40 mil

milhas. No LATAM Pass, o valor é de R$ 40. Ou R$ 1.600 para cada bloco de 40 mil milhas.

Mesmo assim, a mera chance de transferir suas milhas para outras pessoas abre uma possibilidade de comércio. Você dificilmente vai encontrar por conta própria alguém a fim de comprar suas milhas. Mas é para isso que existem intermediários. De olho nisso, surgiram as empresas de compra de milhas.

A MaxMilhas é uma delas. Numa ponta do negócio, ela compra. Na outra, vende as milhas na forma de passagens aéreas, atuando como uma agência de viagens.

Os bancos também lucram com o mercado de milhas, já que a maioria das compras é feita através do cartão de crédito, uma mina de ouro em um mercado bilionário.

 

 

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