Ministério da Saúde alugou o CICB para fazer o evento, um dos locais mais caros de Brasília e disse que só o com cache da banda foram gastos R$2 mil reais, fora hospedagens, passagens e outros custos
O 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde no Brasil, o qual contou com uma performance erótica ao som de uma versão da música Batcu, da drag queen Aretuza Lovi, custou pelo menos 973.173,14 reais aos cofres públicos. O evento “Em Prosa – 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde no Brasil”, ocorreu em Brasília nos dias 4 a 6 de outubro de 2023. O encontro foi criticado graças ao vídeo de uma dançarina fazendo uma performance de dança erótica no centro do palco ao som de uma música entitulada Batcu, da drag queen Aretuza Lovi. Os gastos constam de documentos internos da pasta.
O valor foi pago à GUC Agência de Eventos, empresa sediada no Rio de Janeiro, e incluiu hospedagem e alimentação completa dos participantes, aluguel de cadeiras, mesas de som, iluminação, além da contratação de profissionais envolvidos no evento sem licitação pública.
O evento gerou fortes críticas da oposição. Nas redes sociais, internautas chegaram a promover a hashtag “Viva o CUS” como forma de ironizar o episódio. Na sexta-feira (07), o Ministério da Saúde informou que o cachê do grupo responsável pela apresentação erótica custou R$ 2 mil. A performance era uma apresentação de voguing, um estilo de dança surgido nos EUA e que se popularizou na década de 1980.
O encontro foi realizado pelo Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Após a repercussão nas redes sociais, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a demissão do diretor de Prevenção e Promoção da Saúde, Andrey Roosewelt Chagas Lemos – segundo a ministra, ele assumiu a autoria dos fatos.
O processo interno do Ministério da Saúde mostra que a produção do evento teve a participação de Andrey – é dele o primeiro ofício sobre o assunto, encaminhado em 14 de setembro. No entanto, todas as etapas do processo contaram com a aprovação do superior hierárquico dele, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Júnior.
Também chama a atenção a rapidez com que o processo se desenrolou: o processo burocrático teve início no dia 14 de setembro, e as atividades começaram em 4 de outubro.
Os documentos internos do ministério também não deixam claro como exatamente as atividades do evento se relacionam com a atenção básica à saúde, mas frisa que era uma agenda política e social do governo para a “transformação da sociedade”.
“Neste sentido, os encontros de gestores e colaboradores na implementação de políticas públicas, busca (sic) promover a articulação intra e intersetorial, estimular e impulsionar os demais setores a fortalecer seu compromisso com as políticas que contribuam com a construção de territórios e municípios saudáveis e sustentáveis, sem perder de vista a multiculturalidade e as especificidades presentes nos grupos e comunidades, considerando os fatores de risco, as condições de vulnerabilidade e as potencialidades dos territórios na formulação e articulação local para a formulação de políticas, compartilhando responsabilidades e compondo a agenda política e social de transformação da sociedade”, diz um trecho.
[…] A apresentação gerou onda de críticas nas redes sociais. Recentemente, o governo Lula foi alvo de reclamações semelhantes após uma dança erótica no Ministério da Saúde. […]