Juiz que mandou prender mãe que teve filho assassinado, já livrou bêbada que matou dois no trânsito

Wladimir Perri interrompeu a mãe de vítima, enquanto ela respondia perguntas da promotora, e a acusou de descontrole e burrice, depois, a prendeu

O juiz Wladimir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá,  prendeu a mãe de um jovem assassinado a tiros, em 2016, depois que ela disse que o acusado do assassinato “não é ninguém” para ela, durante uma audiência realizada no dia 29 de setembro.

O caso só ganhou repercussão após o trecho da audiência ser divulgado nas redes sociais.

Perri também foi o responsável pelo julgamento de Rafaela Screnci, que em 2018 atropelou e provocou a morte de Ramon Viveiros, filho do promotor Mauro Viveiros, em frente à boate Valley em Cuiabá.

O juiz desclassificou a conduta dolosa de Rafaela no acidente, e converteu para culposa (quando não há a intenção de matar). A motorista estava bêbada no momento em que atropelou Ramon e outras duas mulheres, sendo que uma delas morreu na hora. Em 2013, o promotor de Justiça Mauro Viveiros era lotado na Promotoria de Justiça de Rondonópolis, quando apresentou queixa-crime contra o juiz. Na ocasião, eles tiveram uma discussão pública no Plenário do Tribunal do Júri, durante um julgamento.

Já no julgamento do acusado de assassinar a tiros um jovem, o juiz voltou a se alterar.  Diante do assassino do filho, na audiência de instrução na Capital de Mato Grosso, a mãe da vítima recebeu voz de prisão dada por Wladimir Perri, após desistir de depor e dizer ao réu que ele “escapou da Justiça dos homens”, mas não escaparia da “Justiça de Deus”.

Silvia Barbosa é mãe de Cloeverton Oliveira Barbosa que, segundo o Ministerio Público, foi assassinado no dia 10 de setembro de 2016 com arma de fogo mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. O réu, Jean Richard Garcia Lemes responde em liberdade.

A mãe da vítima foi questionada pela promotora de Justiça, Marcela Faria se estava constrangida em prestar depoimento diante do réu. A sua resposta foi que não se incomodava com a presença do réu  e disse que “Por mim, ele pode ficar aí. Ele para mim não é ninguém”. Diante disso, o advogado do réu a interrompeu e disse: “Peço respeito. Se a senhora quer respeito, tem de dar respeito” criticou o advogado do acusado de matar o filho de Silvia.

Nesse momento, o juiz intervém e pede que a mãe da vítima “mantenha a serenidade e a inteligência”.

A mãe então se indignou com o juiz e respondeu que era inteligente e decidiu que não queria mais depor na audiência de instrução. ” com todo re

No entender do Ministério Público, caberia ao magistrado acolhê-la, recebê-la, ouvir o que ela tinha para falar. E por isso o Ministério Público interveio”, explicou a promotora. “Ela tem direito de ser ouvida, de ser acolhida, de participar do ato processual. Ela se deslocou da casa dela para ficar de frente com o assassino do filho dela, ela precisa ser ouvida”, tentou argumentar, sem sucesso.

Conforme a promotora, o magistrado ainda chega a lhe faltar com respeito enquanto ela tentar demovê-lo da ideia de não encerrar a audiência.

Quando a audiência já estava encerrada é possível ver Silvia batendo na mesa e falando com o réu. Ela está longe do microfone e não é possível ouvir o que ela disse, mas imediatamente o juiz afirma “A senhora está presa”.

O Ministério Público imediatamente impetrou um habeas corpus para evitar a prisão da mãe da vítima, que foi atendido pela Justiça. Na delegacia, a promotora questionou a Silvia o que ela disse ao réu, e se ela o havia ameaçado.

Não, doutora, eu falei para ele a seguinte frase: da Justiça dos homens você escapou, mas da Justiça divina você não escapa”, relatou.

Depois da morte do filho ela teve um processo de depressão, ela teve todo um contexto de superar essa dor. Então ela chegou na audiência já constrangida de ter que reviver tudo”, explicou a promotora.

Por conta dessa reposta da mãe da vítima, que estava assustada, indignada pela dor de perder o filho, o magistrado interrompeu a fala dela e ainda ponderou que ela deveria ter inteligência emocional, cobrando de uma mãe enlutada algo que ela não conseguiria dar”, disse Marcela Faria.

Assista:

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