PF prende agentes da Abin que espionavam celulares

Sistema de geolocalização usado pela Abin invade a rede de  infraestrutura de telefonia

A Polícia Federal deflagrou, cumpre na manhã desta sexta-feira (20), mandados de prisão, busca e apreensão na Operação Última Milha que investiga o uso indevido de sistema de geolocalização de celulares sem autorização da Justiça.

Os alvos são agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

No total, os policiais cumprem dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Os presos são Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência e o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki.

O sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura de telefonia. A rede teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.

Entre os que teriam sido espionados e monitorados pela Abin, estão jornalistas, políticos e adversários da gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

O software permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

O contrato de uso do software de localização teve início no fim de 2018, ainda no governo Michel Temer, e foi encerrado em 8 de maio de 2021. O programa, chamado FirstMile, foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação.

 

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