Argentina vai às urnas com inflação de quase 140%

Javier Milei, Patricia Bullrich e Sergio Massa disputam votos para presidente da Argentina

Os eleitores argentinos vão às urnas neste domingo (22) para escolher em primeiro turno das eleições presidenciais seu comandante.

A votação pode marcar um novo momento do país, com uma reconfiguração das principais forças políticas da Argentina.

A nova configuração política da Argentina teve início em 2003, com a eleição de Nestor Kirchner, e deve ser alterada agora porque nenhum dos candidatos, nem mesmo o que representa o governismo, defende o continuísmo.

As eleições deste ano devem marcar o  fechamento de uma época que teve uma série de mudanças econômicas, culturais e políticas.

Em agosto, houve as primárias, que são obrigatórias para todas as coligações. Um dos objetivos dessa votação é tirar do pleito os candidatos nanicos e manter só os que realmente têm chances. Além disso, as primárias são consideradas uma espécie de ensaio para o que deve acontecer no primeiro turno. O resultado deste ano foi quase um empate triplo:

Javier Milei, deputado federal de extrema direita, em primeiro, com 29,86%;

A coligação de Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Macri, em segundo com 28%;

A frente política de Sergio Massa, o atual ministro da Economia, em terceiro com 27,27%.

Os resultados das primárias não foram previstos pelas pesquisas eleitorais. O jornal espanhol “El País” fez uma compilação das pesquisas para o primeiro turno A maioria das pesquisas aponta que Milei deve ficar em primeiro, mas há muita variação — entre as 10 últimas, 7 apontam que Milei fica em primeiro lugar, e 3 dizem que é Massa. A tendência é que a eleição vá para o segundo turno.

Desde 2003, a política argentina é dividida entre apoiadores e adversários de uma vertente de esquerda do peronismo (ou seja, herdeiros políticos de Juan Domingo Perón, que foi presidente da Argentina três vezes durante o século 20).

Em 2003, o país elegeu o esquerdista Nestor Kirchner. A mulher dele, Cristina, venceu as duas eleições seguintes. O kirchnerismo é considerado a corrente dominante do peronismo nos últimos 20 anos.

Neste período, as eleições presidenciais foram marcadas por disputas entre um kirchnerista e um opositor, geralmente ligado à direita mais tradicional. Um único presidente de direita foi eleito, Maurício Macri, que governou entre 2015 e 2019.

Em 2023 a escolha não é entre um candidato kirchnerista versus um antikirchnerista porque há três candidatos com chances reais de serem eleitos:

O candidato ligado aos Kirchner é Sergio Massa;

Patricia Bullrich é a candidata da direita tradicional;

Javier Milei representa uma nova força política.

O kirchnerismo está enfraquecido a ponto ter sido obrigado a aceitar Sergio Massa como seu candidato –Massa já foi adversário dos Kirchner (em 2015, ele concorreu à presidência como um peronista não kirchenrista). Carlos Pagni, um dos principais analistas políticos da Argentina, afirma que Massa é o que há de mais ortodoxo no atual grupo que está no governo. Em sua campanha, ele apareceu poucas vezes com Cristina.

Milei é contra todos os políticos tradicionais, inclusive os não kirchneristas. Ele faz campanha política justamente em cima disso, ao chamar todos os adversários de “casta”.

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