Conflitos com o Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho podem derrubar comando da Infraero
O presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Rogério Amado Barzellay, pode ser alvo de uma nova investigação e desta vez, por acusações de esquemas em anúncios no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
o Procon Carioca, órgão vinculado à secretaria municipal de Cidadania, informou no mês passado que notificou as gestoras dos aeroportos Santos Dumont e Galeão para que verifiquem a existência de material publicitário e de propaganda da empresa 123 Milhas sobre pacotes de viagens e passagens aéreas promocionais nas suas dependências.
O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou em 2017 o ex-diretor de operações da Infraero, Rogério Amado Barzellay e a empresa Brasil Motors Ltda. a devolverem R$ 1.036.774,00, em solidariedade, por irregularidades em pregão eletrônico. Os responsáveis deveriam apresentar alegações de defesa ou pagar a dívida aos cofres da Infraero.
Agora, segundo o site terrabrasilnoticias, um denunciante que não teve a identidade revelada na matéria, por medo de retaliações, afirmou que apenas aqueles que possuem acesso ao presidente da Infraero têm permissão para exibir cartazes publicitários no aeroporto.
As denúncias foram feitas em meio a um período conturbado para a Infraero, com a crise entre os aeroportos Santos Dumont e Galeão em pleno auge. De forma surpreendente, durante essa crise, o presidente da Infraero decidiu tirar férias e viajar para a Europa, causando ainda mais indignação entre os funcionários.
Segundo o texto, o presidente da Infraero estaria perseguido funcionários que se manifestam contra suas orientações. Um gerente de operações foi supostamente transferido para um aeroporto no interior do estado e rebaixado ao cargo de ajudante de pátio, em retaliação por não seguir as instruções do presidente.
Além dessas controvérsias internas, relatos sugerem que o presidente Barzellay está em conflito com o novo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A falta de comunicação e harmonia entre os dois está gerando problemas de gestão, o que tem contribuído para agravar ainda mais a situação da Infraero.
As alegações de esquemas publicitários e as atitudes controversas do presidente Barzellay divulgados pelo site, estariam prejudicando a reputação da empresa. Além disso, segundo o texto, a falta de cooperação com o novo ministro tornou-se mais um desafio para a gestão da Infraero.
Essa não é a primeira vez que uma denúncia anônima pode derrubar a diretoria da Infraero. Em 2007, O delegado da PF Flávio Maltez Coca foi à CPI do Senado, falar sobre três inquéritos sobre irregularidades cometidas em outras licitações da Infraero. O primeiro deles, de 2002, diz respeito a problemas na obra do Aeroporto de Fortaleza.
Segundo a PF, as assinaturas de funcionários da Infraero teriam sido falsificadas para a oficialização do contrato. A notícia-crime, segundo o delegado, partiu de funcionários da estatal, que depois se sentiu lesada por ter repassado cerca de R$ 6 milhões à empresa vencedora sem que houvesse amparo contratual para isso.
Outro inquérito, instaurado em 2006, investigava supostas irregularidades em diversas licitações públicas feitas pela Infraero. A PF tomou conhecimento dos casos por conta de uma denúncia anônima. O denunciante afirmou na época , antes da conclusão das licitações, qual empresa ganharia qual edital. “Em sete oportunidades, ele acertou em cheio“, declarou o delegado Coca, à CPI do apagão.
A obra de maior valor supostamente fraudada foi uma no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, de R$ 936 milhões. O delegado não informou qual construtora venceu essa licitação.
Outro inquérito instaurado na PF em Brasília é de 2007 e diz respeito à licitação para obras no Aeroporto de Cuiabá (MT). Segundo o delegado, as obras deveriam custar R$ 11 milhões, passaram para R$ 16 milhões e não foram entregues prontas pela construtora Triunfo. “Uma outra construtora teve de terminar o serviço, pelo qual cobrou mais R$ 3 milhões.”
Na época, o então diretor de Operações da Infraero, era justamente Rogério Amado Barzellay, que acumulava duas diretorias e teria sido substituído pelo tentente-brigadeiro-do-ar Cleonilsom Nicácio Silva, segundo o site G1.
Rogério agora, está sofrendo novamente as turbulências de uma denúncia anônima, que pode outra vez, tirá-lo do cargo.
Em nota enviada ao BSB Revista, a Infraero nega todas as acusações, inclusive sobre a publicidade da 123 Milhas no aeroporto Santos Dumont.
Veja a íntegra da Nota:
“Em relação à matéria de título “Presidente da Infraero enfrenta acusações de esquemas publicitários e má gestão, segundo site”, publicada nesta terça-feira (31/10), a Infraero esclarece que não existem ‘esquemas’ para a veiculação de anúncios publicitários no Aeroporto Santos Dumont. Os espaços publicitários disponíveis no Santos Dumont foram concedidos através de processos licitatórios com a participação das principais empresas do mercado, tendo-se obtido um ágio de 383% sobre o valor inicial, representando um incremento acima de 44% nas receitas comerciais mensais do aeroporto. A condução das licitações da Infraero está comprometida em respeitar os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade em todas as suas etapas.
Não há registro, na atual gestão da Infraero, de que um gerente de Operações tenha sido transferido para um aeroporto do interior, que inclusive não é mencionado de qual terminal se trata, muito menos que sejam praticados atos de retaliação contra empregados da Companhia.
Acerca do processo no Tribunal de Contas da União (TCU), o presidente da Infraero, Rogério Barzellay, esclarece que saiu um Acórdão desse processo e que não houve penalização, mas sim um elogio para sua conduta.
Sobre a notificação do Procon do Rio de Janeiro questionando a veiculação de material publicitário da empresa 123 Milhas no Aeroporto Santos Dumont, a Infraero respondeu, por meio de ofício enviado no último dia 20 de setembro, que não há propaganda ou publicidade relacionadas aos pacotes de viagens e passagens aéreas promocionais da empresa nas dependências do aeroporto, tampouco contrato firmado entre a atual gestão da Infraero e a 123 Milhas.
Cabe destacar que o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o presidente da Infraero, Rogério Barzellay, vêm mantendo um excelente diálogo e relacionamento entre si e com todos os agentes públicos e privados da aviação nacional, com foco na elaboração e implantação das políticas públicas para o setor, na integração do País e no desenvolvimento da aviação regional.
A atual gestão da Infraero prima pelos princípios da transparência, da responsabilidade, do diálogo com todos os entes e da prestação de contas aos seus empregados e à sociedade, visando sempre ao interesse público e ao bem-estar dos todos.”