Principal investigado na operação contra recrutamento de brasileiros para terrorismo do Hezbollah já era investigado por contrabando
O principal investigado na operação Trapiche da Polícia Federal que apura o recrutamento de brasileiros pelo grupo extremista Hezbollah, deflagrada na última terça-feira (7), para interromper a preparação de atentados terroristas no Brasil se chama Mohamad Khir Abdulmajid.
Mohamad é considerado foragido e está sendo procurado pelo Interpol por ser o principal alvo da investigação. Ele é sírio, naturalizado brasileiro, e veio para o Brasil em 2008. Aqui, ele foi fichado pela primeira vez em 2014, quando foi preso em flagrante vendendo bebida alcoólica para menor de idade, em Minas Gerais.
Mohamad é casado com a proprietária e de duas lojas que vendem produtos para tabacaria na área central de Belo Horizonte. A PF afirma que ele é o verdadeiro proprietário do negócio.
Em 2021, ele começou a ser investigado pela Polícia Federal por contrabando. Com o avanço das apurações, os delegados desconfiaram que a venda de produto ilegal tinha como objetivo financiar atos terroristas.
Em uma rede social, Mohamed publicou uma foto com uniforme militar em cima de um blindado. O perfil foi apagado, mas as imagens fazem parte da investigação policial.
No pedido de prisão, o delegado afirma que Mohamad seria no mínimo simpatizante, senão apoiador e integrante do grupo libanês Hezbollah.
O conteúdo compartilhado no seu perfil indica que Mohamad, em 2016, lutou na guerra civil na Síria como integrante da força do grupo Hezbollah que apoiou militarmente o governo de Bashar Al-Assad.
Ainda no documento, a polícia diz que “os indícios de que Mohamad integra o braço paramilitar do grupo libanês Hezbollah e o fato de constar recentes registros migratórios de todos os citados para o Líbano, associado às evidências de falta de condições financeiras e antecedentes criminais dos brasileiros natos, corroboram com a tese de que estamos diante de uma possível fase de recrutamento de brasileiros para atuações ilícitas, inclusive na hipótese de objetivos terroristas.”
Os investigadores apuram detalhes dos brasileiros que teriam sido cooptados por Mohamad Abdulmajid para ingresso no grupo extremista.
Até agora, a investigação aponta que eles não tinham vínculo ideológico ou religioso com o Hezbollah.
A PF acredita ter interrompido a formação de uma rede de mercenários que prestariam serviços para o Hezbollah. Este tipo de criminoso é chamado de proxy, bandidos que atuam por procuração e dinheiro.
A Polícia Federal mostrou uma foto de Mohamad Khir Abdulmajid a um dos investigados, durante interrogatório, e ele afirmou que se parece com um dos mensageiros que encontrou no Líbano.
No início da noite deste domingo (12), a PF prendeu no Rio de Janeiro mais um suspeito de participar do esquema. A identidade dele não foi divulgada.
Até agora, três pessoas envolvidas com a preparação de atentados terroristas que seriam feitos no Brasil, estão presas. Além do fugitivo Mohamad, um outro suspeito de terrorismo está foragido no exterior.