Conselho de Segurança da ONU analisou proposta de Malta sobre a guerra entre Israel e Hamas e Israel rejeitou
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quarta-feira (15), uma resolução proposta por Malta sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
A resolução não condena Israel nem classifica nominalmente de “atos terroristas” os assassinatos em massa de civis cometidos pelo Hamas e pede que evitem privar a população de Gaza de serviços básicos e da assistência humanitária indispensáveis à sobrevivência.
A ONU também pede reparações de emergência em infraestruturas essenciais em Gaza; evacuação de crianças doentes ou feridas, bem como de seus cuidadores; e esforço nas ações de resgate de pessoas que desapareceram após edifícios do território palestino terem sido danificados e destruídos.
A resolução aprovada reafirma que as partes da guerra devem cumprir com suas obrigações perante as leis internacionais, reiterando que essas regras garantem a proteção total a crianças e pede acesso total às àreas de conflito para as agências da ONU e de seus parceiros, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais.
A ONU listou como prioridades:
- Proteção de crianças na Faixa de Gaza.
- Pausa nos ataques, por dias suficientes para ajuda humanitária à população civil do território palestino.
- Garantia de fornecimento contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais, como água, eletricidade, combustível, alimentos e suprimentos médicos.
- Libertação imediata e incondicional de todos os reféns israelenses sequestrados pelo Hamas.
Depois da votação, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o país só poderá cumprir a resolução proposta, depois que forem libertados os reféns feitos pelo Hamas.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse que a resolução é “descolada da realidade” e não condena o ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro.
Já o Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou um comunicado no qual comemorou a aprovação da proposta.
“O governo brasileiro recebe, com satisfação, a notícia da aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, na tarde de hoje, da primeira resolução relativa à atual crise humanitária e de reféns na Faixa de Gaza, resultante do conflito entre Israel e o Hamas“, diz a nota.
Antes do início da votação deta quarta, Vanessa Frazier, representante permanente de Malta junto da ONU, afirmou: “Inúmeros civis estão agora sofrendo as consequências devastadoras que o conflito armado traz consigo”.
Votaram a favor da resolução, 12 países: Albânia, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
Nenhum país votou contra a resolução.
Três países se abstiveram de votar, apesar de debaterem o tema durante a votação: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia.
A representante permanente do Reino Unido na ONU, disse que esta resolução “salvará vidas. Precisamos de um esforço coletivo para conseguir ajuda o mais rápido possível através de tantas rotas quanto possível“, disse.
A votação foi marcada no mesmo dia em que forças israelenses realizaram uma operação militar no maior hospital de Gaza, e encontraram estrutura e armamentos usados por terroristas do Hamas que estavam utilizando o local como um quartel general protegido por escudo humano formado por médicos e doentes.
Antes da votação, a Rússia foi o único país do Conselho de Segurança da ONU que chegou a se pronunciar sobre a resolução, chamando o texto de “desequilibrado”.
A Rússia falhou numa tentativa de última hora de alterar a resolução para incluir um apelo a uma trégua humanitária imediata que conduzisse à cessação das hostilidades.
“Gostaria de perguntar aos nossos colegas norte-americanos: vocês eliminaram tudo [no texto] o que pudesse de alguma forma indicar a necessidade de cessar as hostilidades. Isso significa que são a favor de que a guerra no Oriente Médio continue indefinidamente?“, provocou Vassily A. Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, antes da votação.