Serão libertadas mulheres e crianças durante quatro dias, em troca de cessar-fogo no período
Israel aceitou fazer uma pausa de quatro dias na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, em troca da liberação de pelo menos 50 dos 239 reféns, sequestrados pelo grupo terrorista em 7 de outubro.
A decisão foi tomada pelo gabinete de guerra israelense na noite desta terça-feira (21).
Serão libertadas mulheres e crianças durante quatro dias, em troca de cessar-fogo neste período, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro de Israel.
Segundo o governo israelense pontuou, poderá adicionar um dia de trégua a mais a cada 10 reféns soltos. O anúncio também deixou claro que Israel planeja retomar ataques aéreos e terrestres “para completar a erradicação do Hamas” assim que o acordo for cumprido.
O acordo mediado por Estados Unidos, Egito e Qatar só passa a valer a partir do momento em que o primeiro refém pisar em solo israelense, o que é esperado para até quinta-feira, 23.
Um comunicado mais detalhado será enviado às famílias dos reféns ainda nesta terça, ainda segundo as autoridades.
O anúncio acontece após uma série de reuniões das autoridades do governo de Benjamin Netanyahu.
A declaração israelense não fez qualquer menção à soltura de prisioneiros palestinos que estão em prisões em Israel, embora se entenda que este é um ponto fundamental do acordo. Segundo o Hamas, Israel vai libertar 150 prisioneiros.
O cessar-fogo permitirá que centenas de caminhões com ajuda humanitária, medicamentos e combustíveis entrem em todas as áreas de Gaza.
A resolução foi aprovada pelo gabinete de guerra do governo, em votação que durou mais de seis horas.
Há 239 reféns mantidos em cativeiro em Gaza, incluindo cidadãos estrangeiros de 26 países, segundo dados dos militares israelenses. Os cidadãos capturados representam uma vantagem do Hamas sobre Israel.
Mesmo que o grupo mantenha apenas uma fração do grupo que deteve em 7 de outubro, ainda manteria uma influência considerável sobre o país vizinho, que é conhecido por pagar um preço alto em negociações como essas.
Em 2011, Israel libertou mais de mil prisioneiros palestinos em troca de um único soldado, Gilad Shalit, que havia sido mantido refém por cinco anos.
Por outro lado, a liderança de Israel está sob enorme pressão interna para garantir a libertação dos cidadãos. A maioria dos israelenses aceita a libertação de milhares de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses como parte de qualquer acordo de troca.
O total de prisioneiros palestinos detidos nas prisões israelenses é de aproximadamente 8.300, segundo Qadura Fares, chefe do Clube dos Prisioneiros Palestinos, uma organização não governamental.
Desse grupo, mais de 3 mil estão detidos no que Israel chama de “detenção administrativa”, o que significa que estão presos sem conhecer as acusações contra eles ou o processo legal em curso.
Refém do Hamas diz que “passou por um inferno”
Um pequeno número de reféns foi solto antes do acordo desta terça-feira (21).
Em 20 de outubro, duas americanas, Judith Tai Raanan e sua filha de 17 anos, Natalie Raanan, foram libertadas por “razões humanitárias”, na sequência de negociações entre Catar e Hamas.
Pouco depois, duas mulheres israelenses, Nurit Cooper e Yocheved Lifshitz, também foram soltas.
Lifshitz disse que “passou por um inferno”, descrevendo como foi tirada de sua casa e levada em uma motocicleta antes de ser conduzida para uma rede de túneis.