Ex-presidente que já foi preso por roubar dinheiro público disse que Congresso é composto por ladrões e a reação foi uma notinha soltada dois dia depois
Apenas os parlamentares da Bancada do Agronegócio no Congresso Nacional reagiram às acusações do ex-presidiário e atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que acusou o atual Congresso Nacional de ladrões ao compará-los à rapozas que tomam conta de galinheiro.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se manifestou neste domingo, 3, dois dias depois do discurso de Lula na COP28, em Dubai, em que o presidente comparou o Congresso Nacional a uma “raposa cuidando do galinheiro”. Em sua fala, o petista admitiu que pode ser derrotado em relação ao marco temporal das terras indígenas.
Em nota, a bancada do agro afirmou que as falas de Lula “criminalizam” os integrantes do Legislativo, são antidemocráticas e tentam perpetualuzar a esquerda no poder.
Os ruralistas disseram que Lula se alinha a ditaduras e criminaliza o agro. Para a FPA, “Lula sinaliza para a criminalização da produção rural no Brasil, para a fragilização de direitos constitucionais, em busca de perpetuação no poder e de uma democracia fraca”.
Veja a Íntegra da nota da FPA:
“A Frente Parlamentar da Agropecuária chama a atenção para a gravidade do discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 28). Durante seu discurso, comparou o Congresso Nacional a uma ‘raposa cuidando do galinheiro’ ao se referir ao tema do Marco Temporal. “Enquanto todos os países do globo levam os exemplos de sustentabilidade, temos um presidente que criminaliza a representatividade máxima da população brasileira, os deputados federais e senadores, responsáveis pela construção de legislações íntegras e que promovam a liturgia de direitos iguais, da segurança jurídica e do direito de propriedade, em que o direito de um brasileiro, indígena ou não, não se sobrepõe ao outro. “Ao se alinhar às ditaduras de todo o mundo, Lula sinaliza para a criminalização da produção rural no Brasil, para a fragilização de direitos constitucionais, em busca de perpetuação no poder e de uma democracia fraca, dependente e corrupta, incapaz de debater seriamente um tema que impacta milhares de família brasileiras, expulsas de suas casas em razão de laudos técnicos e ideológicos. Estamos falando de vidas, famílias brasileiras que produzem de sol a sol e que merecem respeito de todos, em especial dos que governam a nossa nação. “Ao afirmar que ‘é só olhar a geopolítica do Congresso Nacional que vocês sabiam que a única chance que a gente tinha era a que foi votada na Suprema Corte. E é por isso que eu vetei’, demonstra que sua intenção é governar com o Supremo Tribunal Federal em detrimento do diálogo com o Parlamento. “No alerta feito por Lula na COP 28 sobre o aumento da extrema direita no Brasil e no mundo, fica claro que a democracia petista não alcança a multiplicidade de opiniões, a liberdade de expressão e o futuro do Brasil, independente (sic) de partido, mas como nação. “Permaneceremos vigilantes. Nossa política é para brasileiros e para todos os demais países que dependem da produção brasileira para se alimentar.”
Na Sexta-feira, o presidente pediu que a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, tentasse convencer “os caras” (parlamentares) a não derrubarem seu veto ao projeto de lei aprovado pelo Congresso em setembro, em desafio a uma deci-são do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a tese inconstitucional.
O Congresso deve analisar os vetos de Lula na quinta-feira, e a tendência é que sejam derrubados. Nesse caso, é provável que o projeto de lei seja contestado no Supremo, por ir contra a decisão da própria Corte de rejeitar a tese.
Lula, ao criticar a direita disse que “Ou nós construímos uma força democrá- tica capaz de ganhar o Poder Legislativo, o Poder Executivo, e fazer a transformação que vocês querem, ou nós vamos ver o que acon- teceu com o marco temporal. Querer que uma raposa tome conta do nosso galinheiro é acreditar demais”, disse o presidente.
A bancada ruralista acrefita que os povos indígenas têm direito a ocupar apenas as terras onde já estavam ou que reivindicavam antes da promulgação da Constituição de 1988.