Sequestrador mata co-piloto, desvia rota e tenta jogar 737 lotado no Palácio do Planalto é enredo de filme baseado em fatos reais que já está em cartaz

Pesquisador e jornalista, o brasiliense Constâncio Viana, idealizador do filme “Sequestro do Voo 375” concedeu entrevista exclusiva ao BSB Revista


No dia 07 de dezembro, entrou em cartaz no Brasil uma grande produção nacional, que não deve nada às produções em Hollywood. O Sequestro do Voo 375 é uma obra baseada em fatos reais ocorridos em 1988.

“O Sequestro do Voo 375” é um filme longa metragem que relata o caso que poderia ter sido o 11 de setembro brasileiro.

Em 1988, o tratorista maranhense Raimundo Nonato, interpretado pelo ator Jorge Paz se rebela contra o então presidente José Sarney (PMDB) e as dificuldades de um país em crise.

Raimundo Nonato comprou uma passagem saindo de Porto Velho para Belo Horizonte, e sequestrou e desviou para Brasília, o boing do voo comercial para cometer um atentado jogando o avião com 100 passageiros sobre o Palácio do Planalto. Um drama real que chega agora às telas do cinema.

O piloto do Boing, Fernando Murilo de Lima e Silva, que é interpretado pelo ator Danilo Grangheia, se vê responsável pela vida de mais de 100 pessoas a bordo e mesmo com toda tensão criada pelo sequestrador após matar o seu amigo e copiloto Salvador Evangelista, interpretado por César Melo, executa as manobras mais impressionantes da sua carreira e da aviação civil e muda essa parte da história do Brasil que poderia ter sido muito mais trágica do que a morte do co-piloto.

O filme que retrata a ação heroica que salvou, além dos 100 passageiros, figuras importantes da política nacional ao evitar a queda do avião sobre o Palácio do Planalto, onde trabalhava José Sarney e centenas de políticos e funcionários em 1988, está nas telas dos cinemas brasileiros.

Foto real de Raimundo Nonato sendo retirado do avião sequestrado em 1988:

,Depois de mais de uma década de pesquisas feitas pelo jornalista Constâncio Viana, de Brasília, o que era inicialmente um documentário se transformou no longa metragem que impressiona os primeiros cinéfilos que já assistiram.

Elenco do filme com Constâncio Viana à direita:

1

Constâncio começou sua pesquisa depois de ele mesmo viver uma situação de quase morte, ao sobrevoar Moçambique a bordo de um avião 737-300, saindo de Tete para a capital Maputo.

Depois do susto, Constâncio decidiu fazer uma investigação sobre a situação da segurança dos voos.

“Eu já trabalhava em televisão em 1988, e conhecia o caso, mas eu só voltei a pesquisar quando eu quase sofri esse acidente aéreo. Nunca me disseram o que aconteceu realmente e eu pensei em fazer um documentário sobre o voo na Africa. Foi aí, que um amigo me lembrou desse caso no Brasil, e disse que eu precisava colocá-lo na produção”, lembra o pesquisador.

O plano de fazer o documentário andou, mas não deu certo, e após quatro anos de tentativas, Constâncio pediu ajuda à Joana Henning, produtora que teve a ideia de transformar a pesquisa do brasiliense em um longa-metragem. “Ela fez tudo isso acontecer”, elogia.

Gravado em várias locações, principalmente no icônico estúdio Vera Cruz, o longa contou com uma robusta estrutura de filmagens, sendo fiel aos detalhes da época, especialmente na recriação do Boeing. “O Sequestro do Voo 375” é um filme do Estúdio Escarlate, dirigido por Marcus Baldini e produzido por Joana Henning, tendo como coprodutor o próprio pesquisador Constâncio Viana.

A coprodução é da Star Original Productions e LTC Produções. A distribuição pela Star Distribution, ambos selos da The Walt Disney Company voltados para filmes nacionais. Uma grande aposta do cinema nacional, que mostra o verdadeiro potencial da indústria nacional de cinema.

Constâncio Viana foi ao Rio de Janeiro para o lançamento do filme, de ônibus: “ainda tenho medo de avião. Detesto:

Em entrevista exclusiva concedida ao BSB Revista neste domingo (10), Constâncio Viana diz que está empolgado, mas que o cinema brasileiro ainda enfrenta muitos percalços.

O Cinema nacional, continua enfrentando uma crise de público nas salas de projeção, que foi agravada pela pandemia que afastou de forma abrupta os amantes das telas, mas muito também pelos streamings, que de certa forma ocuparam um grande espaço, aberto por aquele público mais cômodo, que prefere ficar em casa, sentado em frente a TV, assistindo aos lançamentos que mal passaram pelo cinema.” diz Constâncio.

Para o pesquisador e produtor de audiovisual, muitas vezes, um filme é lançado no cinema, mas o público espera alguns meses, ou até mesmo semanas para ver em casa.

Triste realidade, e Isso é ainda mais grave, quando se trata de produções nacionais. O publico brasileiro é meio avesso a filmes produzidos no Brasil. O que se sabe ao certo, é que em algum momento o cinema nacional se viu órfão de público, ” pondera.

Em sua análise, Constâncio Viana faz a constatação de que um pouco antes da pandemia, as pessoas ainda saiam de casa para ver comédias nacionais que levavam um grande público as salas de cinema. Contudo, alguns conceitos, têm dificultado a vida dos roteiristas que não encontram mais facilidade em criar textos que de alguma forma, não ofendam alguns públicos e algumas classes.

É fato que comédias também já estão saturadas e o cinema nacional carece de novos formatos.
Se levarmos em consideração a dificuldade financeira enfrentada pelo público brasileiro, para ir ao cinema, muitas vezes tendo que escolher, depois do ingresso, entre a passagem de transporte público, o custo de estacionamento no shopping ou a pipoca, fica mais fácil entender que a escolha do filme tem que ser certeira e daí vem a definição por blockbusters americanos
“, lamenta.

O fato é que o cinema nacional é muito bom, mas tem que provar todos os dias e para isso precisa de ajuda, muita ajuda. Não se trata apenas de recursos financeiros, mas também de uma campanha nacional promovida por todos os meios de comunicação do país, inclusive pelas distribuidoras de conteúdo e os exibidores.

Os produtores americanos possuem uma indústria cinematográfica que movimenta bilhões de dólares todos os anos e lança centenas de filmes todos os anos.

Para o cineasta brasiliense, nem sempre são bons filmes, mas atraem muita gente ao cinema, pela estrutura que envolve todo o setor por lá.

Boa parte dessas pessoas, se arrependem de ter ido, mas aí já é tarde. A máquina gira em torno de um nome “Hollywood”. Quando vem de lá é bom. Será mesmo? Se isso é verdade porque algumas distribuidoras escondem em seus anúncios o real teor de alguns filmes? Muitas vezes um trailer é publicado, mostrando uma determinada história, mas quando o público chega a salas de cinema, a história é outra. Recentemente vimos isso, como muitos arrependidos que foram ao cinema ver um lançamento, em detrimento de outro produto nacional, achando que veria o remake de uma grande obra e descobriram que se tratava de um musical, gênero não muito aceito por brasileiros. Tarde demais,” constata Constâncio Viana.

Mas por aqui, o momento agora, é de conferir essa produção nacional baseada em fatos reais e que envolve, muita ação e efeitos especiais, como um cenário que gira e fica realmente de cabeça para baixo em uma das cenas que retratam o momento em que o piloto deu um pirueta no boing para tentar desarmar o sequestrador, assassino de seu amigo e co-piloto.

O Sequestro do Voo 375 venceu a categoria de Melhor Roteiro do Los Angeles Brazilian Filme Festival (LABRFF) 2023.

vale a pena conferir.

  1. ↩︎

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *