Endereços ligados a Lucinha do PSD também são alvos na manhã desta segunda-feira, além da Alerj. Milícia de Zinho é uma das mais violentas do estado do Rio de Janeiro
A deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, do PSD, é alvo de buscas e apreensões nesta segunda-feira (18). A Polícia está na casa dela em Campo Grande e no gabinete da deputada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tamɓém determinou o afastamento do cargo da parlamentar, por tempo indeterminado, na Operação Batismo, da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
A investigação aponta que a deputada é considerada o braço político da milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, uma das mais poderosas e violentas do Rio e com forte atuação na região populosa de Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense.
Segundo as investigações, Lucinha é chamada de “madrinha” pela quadrilha de Zinho, líder de uma das milícias mais violentas do Estado e que está foragido acusado de vários crimes.
A deputada é mãe do secretário municipal de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos. Ele usa o nome da mãe na vida pública e é conhecido como Júnior da Lucinha.
São cumpridos por determinação da Justiça, 8 mandados de busca e apreensão contra a deputada. Outro alvo de buscas nesta segunda é Ariane de Afonso Lima, uma de suas funcionárias.
A ação desta segunda-feira é um desdobramento da Operação Dinastia, deflagrada pela PF em agosto de 2022, para tentar prender Zinho e 22 de seus comparsas por uma “matança generalizada” na guerra entre facções. Oito foram presos.
As investigações começaram em 2021 no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), que apurava o assassinato de um policial por parte de milicianos ligados ao Bonde do Zinho.
Com o avanço das investigações, houve compartilhamento de dados por parte do Ministério Público e pedido de abertura de inquérito à PF para aprofundar as conexões criminosas praticadas pela milícia.
Quebras de sigilos telefônicos e telemáticos de suspeitos revelaram o envolvimento da deputada Lucinha e de uma assessora dela com a cúpula da milícia do Zinho.
Segundo as investigações, a deputada estadual atuou para interferir na segurança pública do Rio para a soltura de milicianos presos em flagrante; na tentativa de mudança no comando do batalhão da PM em Santa Cruz, área sob domínio do Zinho; no vazamento de informações sobre operações policiais para captura de milicianos e favorecer o transporte público de vans sob comando da milícia, na Zona Oeste.
A parlamentar é carioca, tem 63 anos e dois filhos. Ela começou a vida pública na década de 1980. A primeira eleição foi para a Câmara Municipal da capital fluminense foi em 1992. Foi a vereadora mais votada da cidade em 2008.
Lucinha se elegeu deputada estadual pela primeira vez em 2011. Nas eleições de 2018, ela recebeu mais de 65 mil votos, sendo a 8ª mais votada do Estado do Rio de Janeiro.
No pleito de 2022, ela recebeu mais de 60 mil votos em campanha ao lado de Eduardo Paes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Atualmente, ela está no 4º mandato, do qual foi afastada hoje.