As umbandistas acusam seu babalorixá por ameaça e violação mediante fraude com banhos íntimos
O líder umbandista e pai de santo, Expedito Moisés dos Santos de 43 anos está sendo investigado por importunação sexual contra, pelo menos, seis mulheres que já o denunciaram em Juiz de Fora, Minas Gerais.
O babalorixa também é acusado de estupro de vulnerável contra uma das vítimas, que tinha 13 anos à época do crime.
As vítimas relataram ameaças e que ele teria proposto dar banhos religiosos nelas como parte de rituais.
O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e segue em segredo de Justiça.
Segundo as vítimas, o homem oferecia banhos de limpeza, pedia carona e usava as redes sociais para realizar os possíveis crimes.
Uma delas, de 47 anos, contou que conheceu Expedito Moisés dos Santos no centro umbandista chefiado por ele, no Centro de Juiz de Fora, e que, no dia 17 de dezembro, recebeu uma solicitação do pai de santo nas redes sociais.
Pelo chat, o suspeito pediu a mulher que o adicionasse em um aplicativo de conversas e teria perguntado: “A senhora quer ver mole ou duro?”.
Já no aplicativo, o suspeito teria insistido em fazer uma ligação em vídeo, iniciando a chamada mostrando o rosto e, em seguida, se masturbando. A mulher chegou a gravar a ligação para provar o ocorrido e foi até a polícia.
Ligações desse tipo também teriam ocorrido com outra vítima, de 43 anos, que chegou a trabalhar com Expedito durante as reuniões no centro umbandista.
Já a terceira acusação, de estupro de vulnerável, vem de uma jovem, agora com 19 anos, que diz ter sido estuprada pelo homem quando tinha 13 anos. Conforme a denúncia, ela frequentava um terreiro de umbanda no Bairro Benfica, onde Expedito fazia parte das sessões religiosas, além de organizar bingos e confraternizações.
Em uma das confraternizações, realizadas em 2017, o suspeito teria pedido uma carona ao pai da vítima e durante a viagem começou a acariciar o braço dela e, em seguida, passou a mão em um dos seios dela.
Ainda de acordo com a denúncia, a vítima alega que tentou tirar o braço do homem, sem sucesso. Ela disse ter ficado em choque com a situação e, por isso, não conseguiu alertar os pais o que aconteceu.
Após saber das outras vítimas, a jovem tomou coragem e decidiu denunciar o crime recentemente.
Outras três mulheres, de 22, 32 e 33 anos, apresentaram denúncia contra Expedito pelos crimes de importunação sexual, violação sexual mediante fraudes e ameaça. Todas contam histórias parecidas, como ligações de vídeo, conversas com teor sexual e ofertas de banhos religiosos.
A de 33 anos alega que foi ameaçada em julho deste ano pelo suspeito, após o fechamento do terreiro dele, com mensagens como “Quem perdoa é Deus” e “Vou me vingar de tudo”.
Na denúncia, ela contou que tinha uma forte relação de amizade com suspeito e que só ficou sabendo das situações envolvendo outras mulheres quando também se tornou vítima.
Ela começou a desconfiar da conduta do líder religioso quando ele teria dito que precisava dar um banho íntimo nela. “Tinha que me dar um banho íntimo, nas minhas partes íntimas, que eu estava precisando de um banho desses”, disse ela em depoimento.
Ainda à polícia, a vítima disse que, durante uma festa, Expedito falou que “queria beijá-la e que ele iria fazê-la esquecer da pessoa que ela gostava”.
O mesmo teria ocorrido com a jovem de 23 anos, que alega que Expedito lhe ofereceu um banho e que ela precisaria estar nua.
“Ele disse que meu marido estava me traindo e que o banho era para ele me olhar com outros olhos. Eu sabia que ele, como pai de santo, não poderia dar banho, dado somente por outras mulheres. Quando perguntei se ele conhecia alguma, ele disse que não e que era pra eu confiar nele“.
Uma outra vítima, de 32 anos, também alega ter sido ameaçada após o fechamento do terreiro de Expedito, que a acusou de ser a culpada.
Outra frequentadora do terreiro liderado pelo suspeito alega que o homem ligava e mandava mensagens frequentemente.
“Ficava me mandando figurinhas de sacanagem, falou para ir na minha casa e que eu precisava tomar um banho e que ele ia me dar esse banho […]”.
Em declaração à polícia, Expedito Moisés confirmou ser dirigente de um centro de umbanda, mas negou ter importunado as mulheres.
Sobre as videochamadas, disse que chegou a falar para uma delas que estava nu e deitado no sofá, porque estava bêbado. Ele alegou que as partes íntimas podem ter aparecido, sem que fosse de propósito.
O homem também negou as ameaças e que teria proposto dar banhos religiosos nas vítimas.