Novo processo ocorre após suposto “novo fato de abuso sexual” alegado sobre vídeo que circula na Internet
A Arquidiocese de São Paulo afirmou nesta segunda-feira (5) que vai abrir uma nova investigação sobre um “suposto novo fato de abuso sexual” envolvendo o Padre Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo.
Segundo a Revista Oeste, a situação de padre Júlio Lancelloti se complicou. O perito Mario Gazziro, contratado pela também revista Fórum para analisar o vídeo pornográfico do padre, teria mudado sua versão e agora admite que as cenas de um vídeo pornográfico são verdadeiras. A nova conclusão descarta a validade da perícia anterior, que via indícios de deepfake na gravação.
A versão atualizada do documento trabalha com a seguinte teoria: criminosos teriam contratado um sósia do padre, construído um estúdio idêntico à sua residência e gravado as cenas. “Diminuíram ao máximo a exposição do impostor no vídeo, para evitar quaisquer aspectos que possibilitassem identificar a fraude de forma simples”, justificou Gazziro.
Segundo a Oeste, o perito da Fórum acredita que o vídeo foi divulgado nos porões da internet e posteriormente vendido para políticos rivais do padre.
No primeiro laudo, Gazziro constatou montagens no vídeo que mostra o padre se masturbando para um menor de idade. O perito da Fórum analisou as mesmas cenas que agora diz serem verdadeiras, mas alega que o arquivo verificado anteriormente era outro. É o que justificaria a mudança de versão.
Segundo a Arquidiocese, a nova apuração será para “a busca da verdade” sobre as acusações que envolvem o padre, uma vez que o pároco tem sido vítima de uma campanha política difamatória por parte de políticos de direita com a divulgação de vídeos contra o religioso.
Para a entidade, a “notícia de um suposto novo fato de abuso sexual” e a “recente divulgação de laudos periciais com resultados contraditórios” sobre o vídeo com supostas imagens do padre “requerem uma nova investigação da parte da Arquidiocese para a busca da verdade”.
“A norma da Igreja e investigando o caso na área de sua competência, distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade”, disse a Arquidiocese de São Paulo.
O padre Júlio também é alvo de um pedido de CPI na Câmara Municipal de São Paulo, apresentado pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil).
O objeto do pedido de CPI na casa é a atuação de ONGs que atuam na Cracolândia, mas o vereador, que era membro do Movimento Brasil Livre (MBL), direcionou a comissão contra o padre, o que gerou revolta e indignação por parte de vereadores que assinaram o pedido e retiraram apoio à comissão.
O assunto volta a ser debatido entre os vereadores no colégio de líderes dessa terça-feira (6), na Câmara Municipal.
Por meio de nota, o Padre Júlio Lancelotti se disse confiante na nova investigação da Arquidiocese e disse ser alvo de imputações “falsas e inverídicas”.
“Recebo, com serenidade e paz de espírito, a nota da Arquidiocese de São Paulo, publicada na presente data, informando que apura as acusações lançadas nos últimos dias. Esclareço que as imputações surgidas recentemente — assim como aquelas que sobrevieram no passado — são completamente falsas, inverídicas e tenho plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos”.