Ex-presidente que teve passaporte apreendido deve ser ouvido possivelmente na próxima quinta-feira
A Polícia Federal intimou o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento sobre supostas ações golpistas envolvendo membros do governo e militares. A previsão é que o depoimento ocorra na próxima quinta-feira (22).
A Polícia Federal informou que encontrou, entre outros elementos, um vídeo de reunião em que Bolsonaro diz a ministros que não podem esperar o resultado da eleição para agir.
Além da gravação, apreendida no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a PF colheu outros elementos que colocam, segundo os investigadores, o ex-presidente no centro de um planejamento de uma tentativa de golpe de Estado.
A gravação já vazada pela PF mostra uma reunião, que aconteceu em julho de 2022, em que Bolsonaro discutia com seus ministros estratégias que evitassem derrota nas eleições. Àquela altura, Bolsonaro prevê que poderia perder a disputa, mesmo se tivesse “80% das intenções de votos” e pede para os ministros acionarem “o plano B”.
Na gravação da reunião, o general Augusto Heleno, que era o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defende que a “mesa” tinha que ser virada logo, antes do resultado das eleições.
A PF ainda encontrou, no gabinete de Bolsonaro na sede do PL, um documento com conteúdo golpista que anunciaria a decretação de um estado de sítio e a imposição da garantia da lei e da ordem no país.
Aliados do ex-presidente, por sua vez, alegam que ele não diz especificamente que quer o golpe.
Logo após a operação, a defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Aliados do ex-presidente temem nos bastidores, que Bolsonaro possa ser preso nessa quinta-feira, o que inviabilizaria a manifestação que ele convocou para a avenida Paulista no próximo domingo.