Soldados israelenses teriam atirado contra multidão por medo de serem atacados no comboio de ajuda humanitária
Uma distribuição de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza, virou tragédia nesta quinta-feira (29), quando mais de cem pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Israel também afirmou ter havido a tragédia.
“Por volta das 4h da manhã, 30 caminhões com ajuda humanitária atravessaram a passagem de Kerem Shalom, no sul de Israel. O comboio seguiu em direção a abrigos na Cidade de Gaza, ao longo da estrada costeira”, relatou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel nascido no Brasil, major Rafael Rozenszajn, em nota.
, “à medida que o comboio avançava no Norte de Gaza, milhares de pessoas cercavam os caminhões”. “Isto levou a uma debandada, durante a qual dezenas de habitantes de Gaza ficaram feridos e mortos, alguns após terem sido atropelados por caminhões, dos quais os motoristas são palestinos de Gaza”, afirmou.
Segundo Rozenszajn, os ânimos ficaram alterados e houve disputa armada pela ajuda humanitária.
“Depois de alguns dos caminhões de ajuda humanitária terem conseguido continuar o trajeto para o norte de Gaza, recebemos relatos de que habitantes de Gaza armados, na área dos abrigos civis, teriam disparado, atingindo os caminhões e saqueando-os na Cidade de Gaza.”
O governo do Hamas acusou soldados israelenses, que intermediavam a distribuição dos itens de ajuda humanitária, de abrir fogo contra os palestinos.
Em nota, as Forças Armadas de Israel disseram apenas que houve “empurrões e correria“, com mortos e feridos.
Mas segundo agencias de notícias internacionais, uma autoridade do governo de Israel disse que as tropas israelenses dispararam diversas vezes porque os soldados teriam se sentido ameaçados.
O jornal americano “New York Times” publicou um relato semelhante, também sem revelar a identidade da autoridade israelense. A agência de notícias Associated Press e a Reuters também afirmam, com base em testemunhas nãoidentificadas, que soldados israelenses atiraram por medo durante a situação.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, disse que dezenas de pessoas morreram em pisoteamentos e brigas para pegar os suprimentos dos caminhões.
Hagari disse que os tanques que faziam escolta armada dos caminhões fizeram disparos de aviso para dispersar a multidão e se afastaram quando a situação piorou. “Não houve ataque das Forças de Defesa de Israel em direção ao comboio“, afirmou.
Ele disse que os militares israelenses estavam no local “conduzindo a operação humanitária para garantir o corredor humanitário para que os itens de ajuda cheguem ao local de distribuição“.
Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, 112 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o caso precisa ter uma investigação independente.
A Casa Branca disse que considera o caso “um incidente sério” e que irá investigá-lo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o episódio complica um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo em Gaza.