Dante Lauretta contou em livro, como comandou missão OSIRIS-REx da Nasa, que trouxe amostras coletadas do asteroide Bennu
O professor de ciências planetárias e cosmoquímica no Laboratório Lunar e Planetário na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, Dante Lauretta contou ter recebido US$ 1 bi da Agência Espacial Americana (Nasa) para evitar que o asteroide Bennu, descoberto em 1999, caia na Terra.
Na missão OSIRIS-REx, que visa estudar o Bennu, o professor coletou amostras deste asteroide. Esses pedaços foram trazidos à Terra no ano passado. Os estudos indicam que o asteroide pode cair na Terra por volta do ano de 2182, caso nada seja feito.
Dante Lauretha contou, no livro que a agência espacial americana o pagou US$ 1 bilhão (R$ 4,96 bilhões, na cotação atual) para descobrir tudo o que fosse possível sobre Bennu.
Com base na experiência de coibir o choque do asteroide Bennu com a Terra e ainda recolher amostras deste corpo espacial o cientista escreveu um livro, lançado neste ano, com o título The Asteroid Hunter: “A Scientist’s Journey to the Dawn of our Solar System by Dante Lauretta (O Caçador de Asteroides: A Jornada de um Cientista ao Sistema Solar, em tradução livre). Nesta obra, Lauretta aborda detalhes da missão.
“Minha pequena equipe se reuniu no centro de controle no Colorado, cada um de nós vestindo os uniformes azuis da Nasa, prontos para testemunhar o sucesso ou o fracasso da OSIRIS-REx, a primeira missão do país a recolher uma amostra de um asteroide”, contou o pesquisador.
A NASA divulgou em 2022 uma imagem em altíssima resolução do asteroide Bennu, registrada pela sonda OSIRIS-Rex, que mostra o corpo celeste em detalhes nunca antes vistos. A foto ajudará a guiar a nave em sua missão até a superfície dele, com o objetivo de coletar amostras para análise na Terra.
Com 5 cm por pixel, esta super foto tem a resolução mais alta na qual um corpo planetário já foi mapeado. Ela foi feita a partir de 2.155 imagens registradas pela sonda espacial, entre os dias 7 de março e 19 de abril de 2019, a cerca de 3 a 5 quilômetros de distância da superfície do Bennu.
O mapa criado com as fotografias ajudou a equipe da missão a escolher os possíveis locais de pouso da OSIRIS-Rex. Inicialmente, os pesquisadores definiram quatro regiões, até chegar à área escolhida: uma cratera de 140 metros de largura, batizada de Nightingale (rouxinol, em português).
De acordo com a agência espacial americana, a nave pousou no Bennu no segundo semestre de 2019, ficando por lá até 2021. A sonda voltou à Terra em setembro 2023, trazendo materiais para estudo.
Porque Bennu é chamado de “asteroide do fim do mundo”?
Descoberto em 11 de setembro de 1999, o 101955 Bennu é um asteroide com pouco mais de 490 metros de diâmetro, que cruza a órbita terrestre a cada seis anos. Conforme cálculos dos astrônomos, ele tem 1 chance em 2.500 de colidir com a Terra no ano 2135.
Mesmo se tratando de uma possibilidade remota, ele vem sendo monitorado pela NASA desde então, que enviou a sonda OSIRIS-REx até ele, em 2016.
A missão já revelou, entre outras coisas, que ele é feito de material solto, agrupado pela gravidade, apresentando uma superfície coberta de pedras e rochas do tamanho de carros e casas.
A espaçonave OSIRIS-REx, da Nasa, coletou 121,6 gramas de material do asteroide Bennu — a maior amostra de asteroide já coletada no espaço e mais que o dobro da quantidade estabelecida como o objetivo da missão.
A marca recorde foi divulgada pela agência espacial norte-americana no último dia 15 de fevereiro. A pesada amostra de Bennu foi trazida à Terra no dia 24 de setembro de 2023, mas os pesquisadores do Centro Espacial Lyndon B. Johnson, nos Estados Unidos, só conseguiram extraí-la completamente em janeiro deste ano de 2024.
A nave OSIRIS-REx contou com o Mecanismo de Aquisição de Amostras Touch-and-Go (TAGSAM), um braço robótico utilizado para perfurar a superfície do asteroide e coletar amostras. Antes mesmo que pudessem abrir a “cabeça” deste membro robotizado, os cientistas já tinham calculado mais que a quantidade mínima de 60 g de material necessário para cumprir as metas estabelecidas para a missão.
A missão Osiris-Rex foi a segunda a trazer do espaço amostras de asteroides. A primeira a fazer o retorno foi a sonda japonesa Hayabusa, que chegou até o asteroide Itokawa em 2005 e voltou à Terra em 2010.