Jornalista autor do Twitter Files acusa Alexandre de Moraes de instrumentalizar PF ilegalmente e sugere ao Congresso abertura de CPI

Michael Shellenberger publicou relatórios enviados pela PF ao ministro do STF a quem chamou de “autoritário brutal”

O jornalista norte-americano Michael Shellenberger afirmou em sua conta na rede social X, antigo Twitter, neste sábado (20) ser alvo de investigações da Polícia Federal (PF) do Brasil ilegalmente.

Michael Shellenberger acusou o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) de usar a PF para o investigar, sem indícios de que ele tenha infringido as leis brasileiras.

Segundo o jornalista norte-americano, essas investigações foram feitas ilegalmente a pedido do ministro Alexandre de Moraes.

Alexandre também é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

O jornalista sugere ao Congresso Nacional do Brasil, a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o ministro, a quem chamou de “autoritário brutal”.

O autor do Twitter Files disse em um vídeo publicado no seu perfil no X, antigo Twitter, que a PF mandou 2 relatórios sobre ele ao ministro.

Os relatórios sobre as atividades de Shellenberger teriam sido enviados na 5ª feira (17) e na 6ª feira (18).

O 1º documento publicado pelo jornalista cita o suposto descumprimento de ordens judiciais pelo X. Indica que alguns perfis, ainda que bloqueados, sinalizaram nas fotos o direcionamento para o Spaces, uma sala de conferência virtual em que usuários do X conseguem ouvir e serem ouvidos conforme o gerenciamento do anfitrião.

Leia a íntegra do relatório da PF em PDF clicando no link abaixo;

Aqui Baixar

No 2º relatório enviado a Moraes, a PF cita reportagens publicadas pelo jornalista, interações dele com o dono do X, Elon Musk, e a repercussão do caso. Em seu perfil na plataforma, Shellenberger tem 1.082.592 seguidores e uma assinatura: Elon Musk.

Leia a íntegra do segundo relatóriodo da PF no PDF abaixo:.

Relatório da Polícia FederalBaixar

Alexandre de Moraes instrumentalizou a Polícia Federal, inclusive contra mim, por eu ter publicado os arquivos do Twitter no Brasil”, afirmou Shellenberger. Sobre os relatórios, disse que “consistem uma gigantesca teoria da conspiração, sugerindo ligações e relacionamentos que simplesmente não existem“.

As informações sobre o perfil de Shellenberger foram incluídas no relatório, algo que na avaliação de Shellenberger tentaria indicar que ele é “suspeito” de atos ilegais. “Os relatórios me colocam em destaque e sugerem que eu sou, de alguma forma, suspeito, apenas por eu ter pago por uma assinatura no X, uma assinatura que é paga para Elon Musk. Mas não há nada de suspeito nisso. Eu que estou pagando a Musk, não o contrário!“, declarou.

A defesa do X no Brasil negou ter habilitado o recurso aos perfis bloqueados. Disse também que 161 contas foram bloqueadas por ordem do STF e 65 por ordem do TSE.

O jornalista norte-americano disse que as ações de Moraes à frente da corte eleitoral configuram atos de censura e ataques contra ele. Disse também que Musk tomou “medidas extraordinárias” para garantir a liberdade de expressão.

Desde 6 de abril, o empresário nascido na África do Sul e naturalizado norte-americano em 2002 tem feito críticas às ordens judiciais direcionadas ao X expedidas por Moraes, a quem chamou de “ditador“.

Musk disse que as ordens de Alexandre de Moraes exigem que a plataforma viole as leis brasileiras.

No mais recente comentário, Musk comparou Moraes ao personagem Voldemort, vilão da franquia Harry Potter.

A comparação se deu em resposta ao discurso de Alexandre de Moraes na noite de 6ª feira, durante o lançamento da pedra fundamental do Museu da Democracia, no Rio de Janeiro.

O ministro disse que a Justiça Eleitoral está sendo alvo de ataques de “irresponsáveis mercantilistas” ligados às redes sociais que “tratam o Brasil como colônia”.

O ataque público de Alexandre de Moraes ao empresário dono da EspaceX, X, Tesla e outros grupos, assim como fez o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), foi criticado duramente pelo jornalista.

Ao chamar Elon Musk de mercantilista estrangeiro, Alexandre de Moraes está usando exatamente o mesmo tipo de retórica nacionalista que ele usou para acusar seus inimigos de utilizarem”, disse Shellenberger na publicação.

O jornalista norte-americano afirmou que o Congresso Nacional do Brasil deveria abrir uma CPI contra os “os abusos de autoridade do Poder Judiciário”, ouvir “as vítimas da censura” e “descobrir como as plataformas de redes sociais foram obrigadas a se submeter ou a colaborar com o regime, mesmo violando as leis brasileiras e a própria Constituição Federal”.

Agora é hora de o Congresso brasileiro agir contra o extremismo antidemocrático de Alexandre Moraes. E deve fazê-lo antes que o extremista Alexandre de Moraes comece a prender mais inimigos políticos, acabe com o X e, portanto, cerceie a liberdade de expressão no Brasil”.

Leia a íntegra da postagem do jornalista:

Magistrado brasileiro alega teoria da conspiração para instrumentalizar a Polícia Federal contra defensores da da Lei e da Constituição

A Polícia Federal do Brasil discute sobre mim em novo relatório encomendado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes

Ontem, um ministro do Supremo Tribunal Federal, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, atacou com raiva o proprietário do X, Elon Musk. Em evento promovido pela Globo News, Alexandre de Moraes afirmou que Musk faz parte de uma vasta conspiração extremista global para minar a soberania e a democracia do Brasil. Ele alegou que Musk é um dos “irresponsáveis mercantilistas” que se “uniu” com “políticos brasileiros extremistas”.

Mas não há evidências de qualquer conspiração. Musk não sabia que eu iria publicar o Twitter Files Brasil. Nem os políticos brasileiros que reagiram à publicação. E muitos dos políticos e jornalistas que Alexandre de Moraes demoniza como “extremistas” são defensores dos direitos e garantias individuais, como a liberdade de expressão e o princípio da legalidade, incluindo o direito de criticar Alexandre de Moraes.

É verdade que algumas das pessoas que Alexandre de Moraes está censurando pediram intervenção militar no Brasil e fizeram afirmações infundadas sobre as eleições e sobre a pandemia, mas são uma minoria que não representa a sociedade brasileira. Não concordo com muitas das declarações feitas pelas pessoas que Moraes censurou.

Mas a liberdade de expressão não significa nada se não servir para proteger as pessoas e ideias das quais você discorda. Se não permitirmos que as pessoas critiquem a democracia, as eleições e as vacinas, como saberemos se eventualmente são boas ou ruins? Se as pessoas espalham informações falsas sobre a democracia, as eleições e as vacinas, a melhor forma de lidar com as informações falsas é com informações precisas e não com a censura.

O verdadeiro extremista que espalha desinformação aqui é Alexandre de Moraes. Se Elon Musk fosse motivado apenas por dinheiro, ele não teria enfrentado Alexandre de Moraes, o que resultou na suspensão de toda a publicidade no X feita pelo governo brasileiro, resultou na demissão do principal advogado do X no Brasil porque temia por sua segurança, e pode resultar no fechamento do X por ordem de Alexandre de Moraes.

Na verdade, é tudo muito pior do que isso. Não é possível ser político ou jornalista se você não tiver como se comunicar nas redes sociais. Dessa forma, Alexandre de Moraes não está apenas violando as proteções da Constituição brasileira à liberdade de expressão: ele está, também, atacando a liberdade de imprensa, destruindo carreiras e interferindo nas eleições.

Alexandre de Moraes agiu sozinho para inventar leis inteiramente novas. Ele está, portanto, interferindo e assumindo o papel do Congresso e do presidente, fragilizando a soberania popular. Isso significa que ele está se comportando como um ditador.

E, agora, Alexandre de Moraes instrumentalizou a Polícia Federal, inclusive contra mim, por eu ter publicado os arquivos do Twitter no Brasil. A Polícia Federal entregou dois relatórios a Alexandre de Moraes, um no dia 18 de abril e outro no dia 19 de abril. Os relatórios consistem em uma gigantesca teoria da conspiração, sugerindo ligações e relacionamentos que simplesmente não existem.

Os relatórios me colocam em destaque e sugerem que eu sou, de alguma forma, suspeito, apenas por eu ter pagado por uma assinatura no X, uma assinatura que é paga para Elon Musk. Mas não há nada de suspeito nisso. Eu que estou pagando a Musk, não o contrário! E, como observa o relatório da Polícia Federal, Elon Musk fica com uma porcentagem da receita das pessoas que assinam meu conteúdo no X.

E os relatórios afirmam que as pessoas que Alexandre de Moraes exigiu que fossem censuradas obtiveram acesso limitado para se comunicarem através do X, em particular no X Spaces, que permite conversas ao vivo.

Em outras palavras, Alexandre de Moraes está totalmente obcecado em silenciar seus inimigos. Não basta que o X tenha perfis bloqueados. Ele também não quer que essas pessoas possam usar as suas vozes.

Contribui, ainda, o fato de o governo brasileiro pagar diretamente à mídia de notícias​​ brasileira. O governo de Lula aumentou em 60% o financiamento governamental apenas para a Globo. A Globo é a maior empresa de comunicação do Brasil. Ela tem exigido mais censura e feito propaganda a favor de Moraes.

E o governo brasileiro parou de anunciar no X depois que Elon Musk se manifestou publicamente contra a censura.

Alexandre de Moraes é um autoritário brutal. A sua censura é tão perversa quanto qualquer censura imposta por qualquer outro governo ditador, a exemplo do que já aconteceu no passado brasileiro. Ele procura, como juiz, eliminar particularmente políticos e jornalistas da vida pública.

Esta não é a primeira vez que Moraes instrumentaliza a Polícia Federal. E ao chamar Elon Musk de mercantilista estrangeiro, Alexandre de Moraes está usando exatamente o mesmo tipo de retórica nacionalista que ele usou para acusar seus inimigos de utilizarem.

Por que Alexandre de Moraes tem tanto poder? No Brasil, as pessoas me disseram que isso acontece porque Moraes controla muitos processos judiciais envolvendo pessoas poderosas, principalmente políticos e outros juízes.

A solução é o Congresso brasileiro abrir uma investigação, conhecida como Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Uma CPI pode investigar abusos de autoridade do Poder Judiciário, e é obviamente isso que está acontecendo no Brasil.

Com uma CPI, o Congresso do Brasil poderá obter acesso às comunicações entre a polícia e os juízes ou qualquer outra pessoa. Também pode ouvir as vítimas da censura. Poderá trazer luz aos milhares de casos sob sigilo. E poderá descobrir como as plataformas de redes sociais foram obrigadas a se submeter ou a colaborar com o regime, mesmo violando as leis brasileiras e a própria Constituição Federal.

Musk tomou medidas extraordinárias e históricas para proteger a liberdade de expressão. O mesmo aconteceu com o Congresso dos EUA. Agora é hora de o Congresso brasileiro agir contra o extremismo antidemocrático de Alexandre Moraes. E deve fazê-lo antes que o extremista Alexandre de Moraes comece a prender mais inimigos políticos, acabe com o X e, portanto, cerceie a liberdade de expressão no Brasil.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *