Saiba quem são os PMs acusados por aluno do curso de formação
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou, nesta segunda-feira (29), a prisão temporária de 14 policiais militares.
Os PMs são suspeitos de agredir e torturar um colega de farda durante o curso de formação do Batalhão de Choque (Patamo).
A juíza Catarina de Macedo ainda determinou a busca e apreensão dos aparelhos celulares dos militares e do comandante do BPChoque, o coronel Calebe Teixeira.
A magistrada ainda aceitou o pedido da 3ª Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e ordenou o afastamento de Calebe do comando do batalhão “até o encerramento das investigações e a proibição de acesso à referida unidade militar, bem como de contato com qualquer dos investigados”.
A decisão determinou a prisão do segundo-tenente Marco Aurélio Teixeira, que era coordenador do curso e foi citado nominalmente pelo soldado agredido. Além dele, tiveram a prisão decretada:
- Gabriel Saraiva
- Daniel Barboza
- Wagner Santos
- Fábio de Oliveira
- Elder de Oliveira Arruda
- Eduardo Ribeiro
- Rafael Pereira Miranda
- Bruno Almeida
- Danilo Lopes
- Rodrigo Dias
- Matheus Barros
- Diekson Peres
- Reniery Santa Rosa
Os PMs foram presos nesta segunda-feira pela manhã. Integrantes da 3ª Promotoria de Justiça Militar do MPDFT e da Corregedoria-Geral da PMDF acompanharam o cumprimento dos mandados. Até as 12h, 13 já haviam sido detidos e outro suspeito se comprometeu a se apresentar com o advogado na Corregedoria da PMDF.
Denúncia
Segundo depoimento prestado pela vítima à Corregedoria da PMDF e à Promotoria de Justiça Militar do DF, por volta das 8h15, o coordenador do curso de Patamo o retirou no momento da apresentação dos uniformes e itens do curso. O superior teria dito que o soldado “não formaria no curso e que ele não mediria esforços para fazer com que ele desistisse, nem que fosse na base da ‘trairagem’”.
“Ainda falou ao declarante que o desligaria do curso por deficiência técnica ou lesionado”, completa o depoimento. Danilo diz que se recusou a desistir. Com isso, o tenente responsável pelo curso teria dito aos outros praças: “Estão vendo esse merda aqui? Ele não vai formar e quem ousar ajudá-lo também.
Depois disso, tiveram início as torturas e agressões. O tenente mandou Danilo ir para uma espécie de caixote de concreto onde o depoente foi obrigado a ficar em pé por cerca de 1h30 e o proibiu de participar das atividades do dia.
“O tenente voltou ao local trazendo uma ficha de desistência, um capacete e um fuzil. O ordenou a empunhar o fuzil e ficar na posição de pronto-arma [fuzil cruzado no peito, sem encostar] durante aproximadamente 30-40 minutos sob a supervisão de dois soldados.”
De acordo com familiares do soldado, as agressões teriam durado cerca de oito horas. “Ele apanhou nos joelhos, nas costas, na cabeça, no estômago, no rosto, nos braços. Quando a gente chegou no hospital, ele estava com um quadro de rabdomiólise grave, que é quando a fibra muscular rompe e ela solta uma toxina que intoxica o rim. Por conta do quadro de rabdomiólise, ele estava com insuficiência renal e precisou ser internado imediatamente na UTI”, diz uma familiar de Danilo.
Os exames mostram que Danilo ficou com uma lesão cerebral que afeta visão e audição. “Ele não enxerga 100%. A imagem vai sumindo, ele está com fotofobia, está com lesão na medula da lombar e sente muita dor na lombar, fora todos os hematomas”, completa a parente.
Danilo já saiu do hospital e está em casa com a família.
Segundo o depoimento, Danilo identificou o tenente responsável pelo curso como Marco Teixeira. Procurada, a PMDF informou, por meio de nota, que durante as atividades do curso de Patrulhamento Tático Móvel, no dia 22 de abril, um aluno solicitou desligamento após passar pela etapa inicial da formação e exercícios físicos previstos.
“Apesar de sair do batalhão alegando que estava bem, o referido aluno procurou atendimento hospitalar apresentando quadro compatível com rabdomiólise e alegando ter sido agredido.”
A Corregedoria da PMDF já instaurou Inquérito Policial Militar para apurar o caso, que já está sendo acompanhado pelo Ministério Público. “O coordenador do curso solicitou o seu desligamento voluntário para que as apurações transcorram da forma mais transparente possível. Continuamos à disposição para esclarecimentos posteriores”, completa a nota.