Experiência propõe a redução do expediente sem reduzir o salário
Vinte e uma empresas brasileiras que participam de um experimento que dá aos trabalhadores o direito de atuarem com a carga horária reduzida, mas ganhando o mesmo salário afirmam que houve melhora no desempenho.
O projeto-piloto brasileiro divulgou, nesta terça-feira (30), os primeiros resultados da aplicação do novo modelo de trabalho.
O estudo entrou em fase de testes, três meses depois de as empresas se prepararem para a alteração na jornada de trabalho semanal.
Os testes começaram em janeiro deste ano. De lá para cá, melhorias no comportamento e na produtividade dos funcionários são algumas das primeiras impressões das empresas participantes.
O projeto piloto foi desenvolvido pela “4 Day Week Brazil”, em parceria no Brasil da “4 Day Week Global”, uma organização sem fins lucrativos que faz pesquisas sobre trabalho ao redor do mundo. A iniciativa começou em 2019, na Nova Zelândia, e ganhou força na pandemia.
No Brasil, 22 empresas e cerca de 280 colaboradores iniciaram o piloto. No entanto, uma das organizações acabou desistindo após um mês de teste.
A maioria das empresas optou por dar um dia de folga para os funcionários durante a semana, geralmente às sextas-feiras, um dia no qual os trabalhadores já produzem menos. Mas também há a opção de reduzir a jornada de trabalho em duas horas todos os dias, resultando em um expediente de 6 horas diárias.
Após três meses de testes, a pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o Boston College, analisou como tem sido a nova jornada de trabalho.
O balanço parcial constatou que 61,5% das companhias notaram avanço na execução de projetos. E em 58,5%, se obteve mais criatividade na realização das atividades.
As melhorias também foram sentidas fora do ambiente de trabalho. Cerca de 58% dos funcionários beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a profissional após o projeto.
A pesquisa revelou ainda um aumento de 78% na disposição para momentos de lazer e redução. Além disso, 50% reduziram os sintomas de insônia; 62,7%, o estresse no trabalho, enquanto 64,9% não se sentem desgastados no final do dia. Outros 56,5% não estão frustrados como antigamente.
Vale destacar que, para a conclusão deste primeiro relatório, foram coletadas 205 respostas durante o mês de abril, o que representa que 71% dos participantes responderam ao questionário.
O fim da fase de testes está previsto para acontecer em junho. Ao longo deste período, outros dois relatórios serão produzidos pela “4 Day Week Brazil”.
Os dados obtidos após o término do piloto serão considerados como os dados oficiais da “semana de 4 dias no Brasil”, com o lançamento de um relatório conclusivo e abrangente que detalhará o desempenho e os resultados alcançados.
Ao todo, 21 empresas que têm entre cinco e 250 colaboradores estão participando do experimento. Algumas delas autorizaram a divulgação dos nomes:
- Hospital Indianópolis (saúde);
- Editora Mol, Smart Duo (especializada em projetos arquitetônicos);
- Thanks for Sharing (tecnologia especializada em conteúdo em vídeo e storytelling);
- Oxygen (hub de conteúdos em inovação);
- Haze Shift (consultoria de inovação e transformação digital);
- GR Assessoria Contábil (contabilidade);
- Alimentare (prestação de serviços em alimentação coletiva);
- Ab Aeterno (estúdio de produção editorial);
- Grupo Soma (eventos);
- Brasil dos Parafusos (atacado de materiais de construção);
- Innuvem Consultoria (tecnologia);
- Inspira Tecnologia (tecnologia);
- PN Comunicação Visual (design gráfico);
- Clementino & Teixeira (escritório jurídico);
- Plonge Consultoria (recursos humanos);
- Vockan (tecnologia).