Porto Alegre sem água potável pode ter aumento de dengue como consequência de temporais no Rio Grande do Sul

Cinco das seis estações de tratamento da cidade estão desligadas. Temporais no estado já deixaram 85 mortos e 134 desaparecidos

A prefeitura de Porto Alegre decretou nesta segunda-feira (6) o racionamento de água na cidade. Com o desligamento de uma estação de tratamento durante a tarde, cerca de 85% da população está desabastecida pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril já deixaram 85 mortos.

Das seis estações de tratamento do departamento, cinco estão desligadas. A única em funcionamento é a ETA Belém Novo, que opera com capacidade reduzida.

  • ETA Belém Novo: segue em funcionamento, com a capacidade reduzida.
  • ETA Menino Deus (alagada, teve a energia desligada) – bairros afetados: Agronomia, Alto Teresópolis, Aparício Borges, Azenha, Assunção, Belém Velho, Camaquã, Cavalhada, Centro, Cidade Baixa, Cristal, Intercap, Jardim Botânico, Jardim Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Europa, Medianeira, Menino Deus, Nonoai, Partenon, Parque Charruas, Petrópolis , Praia de Belas, Santana, Santa Tereza , São Jorge, São José , Santo Antônio, Tristeza, Vila Campo da Tuca, Vila Conceição, Vila dos Comerciários, Vila dos Sargentos, Vila Alto Erechim, Vila João Pessoa, Vila Nova e Vila Topázio.
  • ETA Moinhos de Vento (alagada) – bairros afetados: Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Centro Histórico, Cidade Baixa, Farroupilha, Floresta, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont Serrat, Partenon, Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília, Santana, São João e Três Figueiras
  • ETA Tristeza (alagada) – bairros afetados: Ipanema, Pedra Redonda, Guarujá, Jardim Isabel, Espírito Santo, Praça Moema, Vila dos Sargentos, Serraria, Parque Bahamas e Jardim Verde Ipanema.
  • ETA São João (alagada) – bairros afetados: Jardim Planalto, Passo das Pedras, Costa e Silva, Parque Santa Fé, Chácara das Pedras, Três Figueiras, Rubem Berta, Protásio Alves, Loteamento Timbaúva, Jardim Leopoldina, Jardim Ipu, Alto Petrópolis, Mário Quintana, Chácara da Fumaça, Vila Safira, Sarandi, Morro Santana, Jardim Itu, Jardim Sabará, Cristo Redentor, Passo da Areia, Jardim Lindoia, Boa Vista, Vila Ipiranga, Vila Floresta, São Sebastião, Anchieta, Auxiliadora, Higienópolis, Humaitá, São Pedro, Navegantes, São Geraldo, São João e Vila Farrapos.
  • ETA Ilhas – bairros afetados: Arquipélago.

A determinação do prefeito Sebastião Melo (MDB), no Diário Oficial de Porto Alegre descreve que a água distribuída pelo município deve ter como função exclusiva o “abastecimento” e “consumo essencial“.

O documento detalha que, neste cenário, atividades como lavagens de automóveis, calçadas, fachadas, jardins, salões de beleza, clínicas estéticas, academias e pet shops devem ser evitadas, a fim de preservar água. 

Estamos vivendo um desastre natural sem precedentes em Porto Alegre e no Rio Grande, e todos precisam contribuir. O desabastecimento é real e vai levar tempo até ser retomado com regularidade. Estamos buscando alternativas em diferentes frentes, mas a consciência de cada cidadão é decisiva para não piorar o cenário”, disse o prefeito.

Cheia atinge o Mercado Público de Porto Alegre, em maio de 2024 — Foto: César lopes/PMPA
Cheia atinge o Mercado Público de Porto Alegre, em maio de 2024

Mais cedo, Melo anunciou o abastecimento da capital por caminhões-pipa em pontos estratégicos.

Não tem água suficiente estocada. O estoque de água no Rio Grande do Sul diminuiu muito”, afirmou. “Vou botar o caminhão num campo de futebol de várzea, as pessoas vão lá buscar água e também levar suas bombonas, levar suas garrafas porque eu não tenho condições de passar de casa em casa“.

As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril já deixaram 85 mortos e 134 desaparecidos. Outros quatro óbitos são investigados. 385 dos 497 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 1,178 milhão de pessoas, de acordo com a Defesa Civil. 201,5 mil pessoas estão fora de casa – 47,6 mil em abrigos e 153,8 mil desalojadas (nas casas de familiares ou amigos).

Em razão disso, o estado decretou estado de emergência, situação que mobilizou autoridades de Brasília ao Rio Grande do Sul. Com a medida, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.

Na capital, as principais rotas de acesso e saída estão bloqueadas. Além disso, o aeroporto Salgado Filho está fechado por tempo indeterminado, assim como a Rodoviária de Porto Alegre.

Os temporais são consequências de ao menos três fenômenos, de acordo com os meteorologistas: correntes intensas de vento, um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.

Confira o decreto na íntegra

DECRETO Nº 22.654, DE 6 DE MAIO DE 2024. Determina que, até que seja retomada a situação de regularidade do abastecimento de água no Município de Porto Alegre, a água distribuída pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) seja, exclusivamente, para abastecimento e consumo essencial.

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 94, inciso II, da Lei Orgânica do Município, Considerando as chuvas intensas que atingiram o Município de Porto Alegre, a partir do dia 29 de abril de 2024, causando danos, destelhamentos, inundações, alagamentos e deslizamentos de terra em diversas áreas do Município, considerando que a tempestade afetou de forma drástica comunidades residentes em áreas de risco e em vulnerabilidade, com muitas famílias perdendo residências e todos os seus pertences, considerando que, em consequência deste desastre, resultaram os danos materiais e os prejuízos econômicos e sociais, considerando que existe falta de água sendo iminente a necessidade de racionamento, considerando o Decreto Estadual nº 57.596, de 1º de maio de 2024, que declara estado de calamidade pública no território do Estado do Rio Grande do Sul afetado pelos eventos climáticos de chuvas intensas, COBRADE 1.3.2.1.4, ocorridos no período de 24 de abril a 1 o de maio de 2024, considerando o Decreto Municipal nº 22.647, de 2 de maio de 2024, que declara estado de calamidade pública no município de Porto Alegre pelo evento adverso Chuvas Intensas COBRADE 1.3.2.1.4, ocorridos a partir de 29 de abril de 2024,

DECRETA:

Art. 1º Fica determinado que, até que seja retomada a situação de regularidade do abastecimento de água no Município de Porto Alegre, a água distribuída pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) seja, exclusivamente, para abastecimento e consumo essencial.

Parágrafo único. Atividades como: lavagens automotivas, lavagem de calçadas e fachadas, rega de jardins e gramados, salões de beleza, clínicas estéticas, academias, banho e tosa de animais devem ser evitadas de modo a preservar a água disponível para o consumo essencial.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 6 de maio de 2024.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *