Chuvas fortes voltaram a atingir o Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (8/5), em meio à tragédia sem precedentes deixada pelas enchentes no início desta semana.
Serviços meteorológicos alertam para previsão de 15 mm de chuvas, ventos fortes que podem passar dos 80 km/h e possibilidade de raios na região de Porto Alegre.
Segundo o Climatempo, mais do que o volume de chuvas, preocupa a previsão de temporais (chuva forte com raios) e ventos fortes em todo o Estado.
Já a MetSul prevê que a enchente no Sul do Estado — próximo às cidades de Pelotas e Rio Grande — vai piorar nos próximos dias, com a água atingindo locais “em que jamais chegou”.
“A quantidade de água que está descendo os cerca de 300 quilômetros entre o Guaíba e a parte Sul da Lagoa dos Patos, tecnicamente Laguna dos Patos, é colossal. Todos os rios que desaguam na Lagoa tiveram enchente recorde ou histórica.“
“[…] A quantidade de água que avança pela Lagoa dos Patos é extraordinária e jamais vista”, diz a MetSul. “A água alcançará locais em Pelotas em que jamais chegou, inclusive no Centro. Grandes áreas da quarta cidade mais populosa do Estado e a maior da Metade Sul gaúcha vão ficar debaixo d’água. Em alguns locais, a inundação será de severa a extrema.“
Segundo o serviço meteorológico, a situação será tão extraordinária que as lagoas Mirim e dos Patos poderão se unir pela inundação “formando uma única e grande massa d’água”.
As enchentes já deixaram 100 mortos, 374 feridos, 130 desaparecidos, segundo a Defesa Civil.
Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas em 425 municípios (85% dos municípios do Rio Grande do Sul). Cerca de 67 mil pessoas estão em abrigos e outras 164 mil tiveram que deixar suas casas.
O retorno das chuvas paralisou parte dos serviços de resgate e salvamento promovido por autoridades e voluntários. A prefeitura de Porto Alegre pediu que os barcos parasse temporariamente as atividades no início da tarde da quarta-feira.
As piores chuvas são esperadas na região sul do Rio Grande do Sul, segundo o Climatempo, mas todo o Estado deve ser afetado.
A previsão é pior para o fim de semana. A partir de sexta, “há condições para chuva frequente, ocorrência de temporais e acumulados extremos” especialmente na porção centro-norte do Estado, incluindo as regiões que já foram muito afetadas.
A Defesa Civil alerta que as pessoas resgatadas de áreas alagadas, inundadas ou que correm o risco de sofrer deslizamentos de terra não devem voltar para suas casas, especialmente na região metropolitana de Porto Alegre.
Não há condições seguras para retorno, diz a Defesa Civil. Além da previsão de chuva e possibilidade de mais deslizamentos e enchentes, há o risco de contaminação por doenças.
O nível do Rio Guaíba abaixou mas ainda está acima do 5 metros – 2 metros acima do que é considerado o máximo antes de causar inundação (3 m).
A previsão é que, mesmo sem chuvas, o rio continue acima da cota de inundação até a próxima semana e que o nível só volte ao normal no final de maio.
Segundo o governo do Estado, cinco barragens apresentam grande risco de rompimento e as autoridades já estão promovendo a retirada imediata de pessoas nas áreas de risco. São elas:
- UHE 14 de Julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves
- PCH Salto Forqueta, em São José do Herval e Putinga
- Barragem de São Miguel, em Bento Gonçalves
- Barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra
- Barragem do Arroio Barracão, em Bento Gonçalves
A força tarefa organizada pelo governo do Estado e pelo governo federal continua atuando na região.
O governo federal informou que já destinou R$ 1,6 bilhão ao Estado entre liberação de emendas parlamentares, recursos para auxílio social, aquisição de alimentos, garantia de energia, entre outras iniciativas.
Autoridades federais e estaduais têm trabalhado para restabelecer os serviços e a distribuição de águas e alimentos.
- Diversas estradas continuam com bloqueio total ou parcial. O governo criou um mapa interativo que mostra os bloqueios em tempo real. Clique aqui para acessar.
- O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, que sofreu com a inundação, está fechado e sem previsão de retorno, segundo a Fraport, empresa que administra o aeroporto. Pessoas que têm passagens de/para Porto Alegre são orientadas a procurar as companhias aéreas para remarcação/reembolso.
- No Estado, há 952 escolas afetadas – danificadas, servindo de abrigo ou com dificuldade de acesso. São 331 mil estudantes impactados, em 236 municípios.
- O retorno de operação da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), que foi afetada pela enchente e vai operar temporariamente em Gravataí, deve garantir o abastecimento de alimentos em diversas partes do Estado, segundo o governador Eduardo Leite.
- Apenas quatro das oito estações de tratamento de água estão em funcionamento em Porto Alegre. Estima-se que 80% da população da capital tenha sido afetada por desabastecimento de água.
- Segundo o último boletim (na terça, 7/5) da RGE, empresa de energia que atende maior parte da região afetada, 13 municípios ainda estão totalmente desligados e oito cidades estão parcialmente desligadas por segurança. Já a CEEE Equatorial informou nesta quarta pela manhã que 198 mil clientes estavam sem energia em sua área de concessão.