Agente da Polícia Federal foi designado como adido adjunto na embaixada do Brasil em Londres, mesmo depois de APCF colocar em dúvida seu parecer
Clésio Leão de Carvalho, o agente de Polícia Federal que assistiu e fez um relatório dos vídeos de uma discussão envolvendo o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) no Aeroporto Internacional de Roma, em 2023, foi agraciado com um cargo de adido policial federal adjunto na Embaixada brasileira em Londres, na Inglaterra.
Depois de uma primeira análise da PF sobre o episódio, a PF pediu o arquivamento do caso, mas o STF não se conformou e um novo delegado foi designado para finalizar as investigações, e com base no laudo de Carvalho a corporação indiciou Roberto Mantovani, Filho Andrea Munarão e Alex Zanatta Bignotto por crime de calúnia contra Moraes, mesmo sem ter o som ou imagens identificando leitura labial que determinasse o que teria sido dito na discussão.
O cargo de adidância tem mandato de três anos, e o agente vai receber ajuda de custo entre R$ 38 mil e R$ 115 mil para a mudança de endereço na ida e novamente na volta, além de salário em dólar.
Na análise das imagens totalmente sem som do bate boca envolvendo Alexandre de Moraes, Carvalho escreveu que “imagens do Aeroporto Internacional de Roma permitem concluir que Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão provocaram, deram causa e, possivelmente, por suas expressões corporais mostradas nas imagens, podem ter ofendido, injuriado ou mesmo caluniado o ministro Alexandre de Moraes e seu filho Alexandre Barci de Moraes”.
O agente agora agraciado com o cargo na Inglaterra destacou em seu relatório também, que “posteriormente à breve discussão entre os dois, visivelmente motivada pelas ações de Andreia Munarão, que provocaram aparente verbalização por parte de Barci, Roberto Mantovani levantou a mão direita e atingiu o rosto (ou os óculos) de Alexandre Barci de Moraes, deslocando ou fazendo sair de sua face o acessório do filho do ministro”.
A APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais) divulgou nota na época sobre o caso em que expressa preocupação com a análise de Carvalho. Segundo a entidade, as imagens não foram objeto de análise pericial ou técnicas de aprimoramento ou tratamento de imagens, “procedimentos que devem ser conduzidos por peritos criminais”.
A entidade agrava: “É preocupante que procedimentos não periciais possam ser recepcionados como se fossem “prova pericial”, uma vez que não atendem às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter, obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos peritos oficiais de natureza criminal”, diz a associação.
Mesmo assim, o STF tornou a família ré e o autor do relatório duvidoso ganhará o disputadíssimo cargo em Londres.