Um dos pilotos diz: “tô arrepiado” ao comunicar a torre de controle na noite que ficou conhecida como “Noite dos OVNIS”
Áudios disponibilizados pelo Arquivo Nacional na semana passada mostram conversas entre pilotos e os centros de controle nos quais os profissionais da aviação relatam o momento em que avistam objetos voadores não identificados (OVNIs).
O Arquivo Nacional publicou 35 novos documentos da FAB que trazem relatos de pilotos sobre o avistamento de OVNIs no Brasil.
Os arquivos liberados contêm registros de tráfego hotel, nome dado pela Força Aérea Brasileira aos OVNIs encontrados por pilotos durante o voo. Os formulários do tráfego de hotel conta com perguntas sobre os detalhes do ocorrido, se teve o registro com fotos ou vídeo e perguntas sobre a escolaridade do piloto e conhecimentos sobre aviação e meteorologia.
Alguns relatos chamaram a atenção. No litoral de Santa Catarina um piloto observou um OVNI bege, em forma de paralelepípedo, de 10 metros de comprimento. Segundo o depoimento do dia 31 de janeiro de 2023, o objeto avistado estava emitindo “o que parecia ser um rastro de condensação”, passando a 3 metros de distância da aeronave.
Em 29 de março de 2023, no Rio de Janeiro, um OVNI em forma de charuto de 2,5 metros de comprimento foi avistado. De acordo com o documento, o objeto estava fazendo “saltos” no espaço aéreo.
Outro relato do dia 21 de abril, no Amazonas, explica que vários objetos luminosos brancos sem forma definida foram observados voando e realizando “saltos” no espaço aéreo abaixo da altitude da aeronave.
egundo o Ministério da Justiça, em 19 de maio de 1986, 21 objetos foram identificados pelos radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta).
Em um deles, um piloto demostra espanto ao notar uma luz que, segundo ele, estava próxima da aeronave que comandava. “Estou vendo eles [sic]. Po***, tem um passando baixo, cara! Tá bonito! Olha, meu irmão. Pô, rapaz, ‘tô’ arrepiado, meu irmão.”
“Você ‘tá’ pegando aí, controle? Eles estão baixos. É por isso que você perdeu. Tem dois altos aqui no alinhamento da pista e tem mais uns dois ou três embaixo agora”, relatou. O piloto disse que os dois que estavam mais altos mudavam de cor frequentemente.
Os áudios estão disponibilizados no Acervo Público Nacional.
No Aeroporto Internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf, em São José dos Campos (SP), o controlador de tráfego aéreo Sérgio Mota da Silva estava de plantão na “Noite dos Óvnis”.
“Às vezes, os pilotos tinham contato visual dos alvos, mas os radares não registravam nada. Outras, os radares até captavam a presença de objetos, mas os pilotos não conseguiam avistá-los. A Aeronáutica considerou apenas os avistamentos que tiveram confirmação simultânea. Os demais foram descartados”, conta ele.
Naquela segunda-feira, 21 objetos voadores não identificados, foram avistados por civis e militares, em quatro Estados: São Paulo, Rio, Minas e Goiás. No interior de São Paulo, foram registrados avistamentos em Caçapava, Taubaté, Mogi das Cruzes e Guaratinguetá.
Cinco caças da Força Aérea Brasileira (FAB) foram acionados pelo Centro de Operações da Defesa Aérea (CODA) para interceptar os supostos invasores.
Segundo os pilotos, os pontos multicoloridos conseguiram, entre outras manobras, pairar estáticos no céu, voar em zigue-zague, fazer curva em ângulo reto, mudar de cor, trajetória e altitude e atingir velocidades de até 15 vezes à do som.
Em São José dos Campos (SP), por volta das 20h, quando o sargento Sérgio Mota da Silva começou a gerenciar a decolagem do voo 703 da extinta empresa aérea Rio Sul, com destino ao Rio de Janeiro (RJ), avistou uma luz, semelhante a um farol, parada no céu.
Ele ligou para a torre do Aeroporto Internacional de Guarulhos para checar se alguma aeronave seguia em direção a São José dos Campos. A resposta foi negativa.
Enquanto os dois conversavam, o objeto sumiu e, dali a pouco, voltou a aparecer, com um brilho ainda mais intenso. Sérgio apanhou um binóculo para observá-lo melhor. Era cintilante e multicolorido, recorda.
A certa altura, o sargento reduziu a intensidade das luzes da pista de pouso e decolagem do aeroporto. Nisso, os artefatos se aproximaram. Quando ele aumentou o brilho, se afastaram.
“Se estavam tentando interagir comigo, não sei. O que eu sei é que se comportaram de modo inteligente”, disse.
Um dos operadores do Centro de Operações Militares (COpM) chegou a cogitar a hipótese de que os artefatos observados pelo tenente Marinho eram, na verdade, aeronaves de espionagem. Em relatório, o piloto solicitou que fosse averiguado se havia algum porta-avião de bandeira estrangeira no litoral brasileiro. Nada foi encontrado.
O capitão Jordão realizava buscas visuais na região de São José dos Campos quando, às 22h59, foi informado pelo seu controlador de voo, o sargento Nelson, de que havia “numerosos tráfegos a seis horas de sua aeronave”. No linguajar militar, significa que os alvos voavam atrás dele.
O piloto realizou uma manobra de 180° na tentativa de visualizar seus perseguidores, mas não conseguiu avistar nada. Segundo imagens do radar, 13 UFOs, sete de um lado e seis do outro, “escoltavam” o F-5 do capitão Jordão.
Relatos sobre o caso são inconclusivos. Ninguém sabe dizer ao certo o que aconteceu na noite de 19 de maio de 1986. Na dúvida, ninguém descarta a hipótese de vida inteligente em outros planetas.
“Nós, seres humanos, somos muito presunçosos. Achamos que somos os donos do universo”, declarou o coronel Ozires Silva ao programa 95 On-Line, da rádio 95,7 FM de Curitiba, em 2014.