Presidiários escancaram a incompetência de deputados, senadores, Judiciário e Executivo não só com sequestro, tortura, mutilação e assassinatos de jovens como a candidata a vereadora e sua irmã, mas em crimes que se multiplicam
O sequestro, tortura, mutilação e assassinato de duas jovens comandados por um detento no último sábado é um tapa na cara do Brasil.
O preso que passou cerca de três horas em videochamada com os executores do crime, onde ordenava sessões de tortura contra as vítimas é a cara de deputados e senadores que não impõe leis que acabem com o crime organizado de dentro dos presídios.
A morte das irmãs Rayane Alves Porto, de 25 anos, candidata a vereadora de Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá, e Rithiele Alves Porto, de 28 anos, não só foi encomendada por um preso da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, mas o criminoso passou cerca de três horas em videochamada com os executores do crime.
“Todos [os presos] confessaram. A todo momento [do crime], estavam em videochamada com um preso da PCE. Foram cerca de 3 horas de tortura e eles permaneceram cumprindo o que esse preso determinava. Tudo comandado de dentro do presídio. Um dos que confessaram disse que elas já tinham sido ‘decretadas’ pela facção”, contou o delegado Higo Rafael, que investiga o caso.
Dez pessoas foram presas por executarem o assassinato e uma busca da polícia apreendeu um celular na cela do presídio.
Mas não é apenas esse tipo de atrocidade que é comandado por presidiários.
O crime organizado é comandado de dentro dos presídios de segurança máxima. O trafico de drogas, roubos a bancos e outros crimes são praticados sob a batuta de líderes de facções criminosos que estão mais de uma década e continuam a comandar suas quadrilhas de dentro da cadeia.
Quem nunca recebeu um golpe de falso sequestro não sabe da capacidade delituosa dos presidiários diante da incompetência generalizada de autoridades que deveriam responder à altura.
Os golpes aplicados de dentro de presídios via celular se proliferam e se diversificam. Eles conseguem fazer até mesmo o golpe do cartão clonado ou o da central de segurança que detecta falsa compra para descobrirem senhas alheias.
Enquanto os legisladores não definem o bl9queio de celular nos presídios, os brasileiros ficam a mercê da bandidagem. Em 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de normas estaduais que obrigam empresas de telefonia móvel a instalarem equipamentos para o bloqueio do serviço de celular em presídios.