Juiz libera desmatamento no Pantanal que já sofre com queimadas e seca favorecendo fazendeiro

Magistrado deu vitória ao desmatamento e negou anulação de licença ambiental do Imasul que autorizou o desmatamento em 2017

O vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Dorival Renato Pavan negou o direito do Ministério Público de apelar ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra acórdão que considerou válida licença ambiental que liberou, em 2017, desmate de 20,5 mil hectares da Fazenda Santa Mônica, no Pantanal de Corumbá.

Pavan deu o aval para fazer a derrubada de vegetação nativa cujo tamanho correspondente a quatro estádios como o Morenão, em Campo Grande, que sozinho, tem 4,8 hectares.

Publicada hoje, a decisão monocrática do vice-presidente do Tribunal de Justiça, Dorival Renato Pavan inadmitiu o pedido de recurso especial alegando que os acórdãos recorridos “estão devidamente fundamentados, tendo havido o enfrentamento das questões e argumentos relevantes para a decisão do mérito, com a indicação clara e precisa dos elementos de fato e de direito que levaram às conclusões do julgado”.

Cordilheiras que servem de refúgio à fauna pantaneira e que estavam em processo de desmatamento.

O MP queria a reforma da decisão de segundo grau, que manteve a autorização do desmatamento, argumentando que não foram levadas em consideração as irregularidades ambientais existentes no caso, entre elas, poucas cordilheiras de proteção previstas no licenciamento, sendo que estas “são o refúgio dos animais silvestres, do gado e são fontes de alimentos com vegetação muito diversificada, além de ser local de reprodução da fauna do Pantanal”, além de que a “supressão de vegetação arbórea e a substituição de pastagens na propriedade rural causará danos ambientais irreversíveis”.

Para o Ministério Público, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) concedeu licença de desmate no sem que os proprietários da fazenda, Elvio Rodrigues e Sônia Oliveira Rodrigues, comprovassem autorização do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para estudos arqueológicos na área e ainda, não exigiu o censo florístico e os estudos da avifauna aquática.

Um estudo recente divulgado pelo WWF Brasil em julho, alertou para a possibilidade de que as secas seguidas, combinadas com incêndios florestais e desmatamento, levem o Pantanal à possibilidade de chegar ao ponto de não retorno, quando o meio ambiente perde a capacidade de regeneração.

Corumbá é atualmente a cidade com mais focos de incêndio no país neste ano, com mais de 3.600 registrados. Mapeamentos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que grande parte do Brasil, incluindo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde se localiza o Pantanal, apresenta risco muito alto de incêndios.

Apesar disso, o magistrado quer que o desmatamento seja feito.

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