Polícia ouve farsantes que se passam por médicos em propagandas para vender produtos enganosos

Falsos “especialistas” aparecem em redes sociais, sites e vídeos com produtos ineficazes, diz denúncia do Conselho Regional de Medicina de SP

A Polícia Civil de São Paulo está ouvindo atores que estão sendo investigados por interpretarem médicos em produções veículafas na internet para vender produtos que prometem resultados milagrosos, mas que são mentiras.

Os vídeos parecem reais e não incluem um alerta ao internauta informando que se trata de uma encenação.

As denúncias chegaram ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) que pediu que a Polícia Civil e o Ministério Público apurassem os delitos contra a saúde pública.

O Ministério Público concordou que a Polícia Civil abrisse um inquérito policial no dia 5 d3 agosto.

Os atores Fernanda Padilha, Rodrigo Gonzales e Renato Chocair foram intimados. Fernanda e Rodrigo prestaram depoimento no dia 22 deste mês.

Rodrigo Gonzales, segundo a denúncia, aparecia como urologista e falava sobre um aplicativo e o “truque do pepino”, que seria um “segredo para a infertilidade”.

O publicitário disse que eventualmente faz trabalhos para a área artística e tinha sido contratado para fazer um anúncio, como ator, para um aplicativo e que “não sabia a finalidade”.

Ele se passou um especialista em urologia. Durante uma entrevista falsa, ele “falou bastante sobre os benefícios do pepino para a saúde”, assim como passou dicas de como o pepino pode ser bom para ereção masculina.

Ao fim do vídeo, ele dizia que “para mais dicas como essa basta clicar no link abaixo”. “O declarante foi contratado, e afirmou que nunca divulgou tal propaganda”, informou aos policiais.

Propaganda incluiu até número de CRM,

Já Fernanda Padilha aparece em vídeos como “Roberta Damasceno”, “Roberta Zanetti” e “Maria Fernandez”, se passando por oftalmologista, ginecologista e farmacêutica. Ela foi ouvida pela Polícia Civil na capital paulista na terça-feira (22).

Fernanda apresentou contratos de prestação de serviço que teve com três empresas e um acordo com uma das contratantes por “prejuízo moral sofrido com a vinculação de seu nome de forma indevida”.

Fernanda disse para a polícia que é atriz há 23 anos e que faz propagandas comerciais. Afirmou que trabalhou para três empresas e interpretou três papéis:

“Roberta Damasceno”: Padilha disse que interpretou a médica Roberta e esse anúncio foi veiculado na internet. Ela alegou que a responsabilidade, nesse caso, foi do contratante, que deveria ter colocado um aviso que se tratava de personagem fictícia.

“Roberta Zanetti”: sobre a personagem “Roberta Zanetti”, uma pesquisadora, a atriz informou à investigação que foi contratada pela empresa para anunciar um suplemento natural para a visão, o “VisiControl”.

Sobre a personagem Maria Fernandez, Fernanda Padilha disse que foi paga para falar sobre o suplementou GotasFlux, e que “todos esses produtos são suplementos naturais, que sua profissão é atriz e nunca divulgou os vídeos”.

Fernanda Padilha falando sobre produtos milagrosos

O também ator intimado pela polícia, Renato Chocair, interpretava o “doutor Fábio Rocha” e apresentava um suposto produto para perder peso. Ele ainda deve prestar esclarecimentos à polícia.

Sidnei Oliveira aparecia em vídeos falando sobre produtos para emagrecer e usava até um jaleco com um nome bordado e sendo entrevistado pela atriz Fernanda Padilha.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) disse que nas publicações checadas não havia nenhuma indicação de que a pessoa que estava participando do anúncio era ator ou atriz.

“[Solicitamos] a exclusão imediata destas publicações mentirosas das redes sociais, que só prejudicam a população e a própria classe médica. Reforçamos, ainda, a importância do uso do Guia Médico, disponível no site do Cremesp, que permite checar, pelo nome ou CRM, se o profissional é realmente médico e se possui especialidade registrada.”

O Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária (Conar) disse em nota que desde julho, abriu três representações éticas contra os anúncios com evidências de testemunhal falso, entre outras desrespeitos ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

Um deles, com abertura do processo naquele mês, é contra o anúncio “Gotasflux”, divulgado em espaço patrocinado em plataformas de redes sociais e em página da internet.

Os casos serão levados a julgamento nas próximas sessões do Conselho de Ética do Conar.

“Reafirmamos que o uso de testemunhais falsos é rechaçado pela legislação e pelas regras éticas do Conar. No caso de testemunhais de especialistas e/ou autoridades, há peso e gravidade ainda maiores, acerca da possível irregularidade. Os testemunhais falsos, inclusive, têm sido um dos indicativos de publicidade flagrantemente irregular.

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