Depois de chamar de facista, nazista e mentiroso, Lula espera “convivência civilizada” com Trump

Governo avalia que relação com os EUA é sólida e será mantida de forma pragmática, mesmo com distanciamento entre presidentes

Apesar de ter parabenizado Donald Trump nesta quarta-feira (6), o presidente Lula (PT) não foi nada pacífico nas declarações anteriores sobre o presidente eleito dos Estados Unidos. Ele criticou o republicano antes da vitória sugerindo que sua eleição representaria o “nazismo com outra cara”.

Porém, Lula disse na quarta que a democracia “é a voz do povo” e que deve ser “sempre respeitada”. Antes das eleições americanas, o presidente brasileiro havia revelado publicamente sua torcida por Kamala Harris e falou em “fascismo e nazismo” voltando com “outra cara”, com uma possível vitória de Donald Trump.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado se manifestaram sobre a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos com diferentes graus de preocupação — do tom protocolar adotado pelo chefe do Executivo à crítica aberta ao republicano.

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à Presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada”, disse Lula. “O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo.”

Em entrevista aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF) — que estrearam um quadro na Rede TV —, Lula afirmou esperar uma relação de civilidade com o norte-americano. “Eu não conheço pessoalmente o Trump, conheço o Trump de ouvir dizer, ler matéria, ver na televisão, mas eu espero que a convivência seja civilizada, (assim como) que já tive com o Bush, que era do Partido Republicano”, ressaltou. “Espero que ele tenha a preocupação de trabalhar para que o mundo tenha paz”, acrescentou.

A Internet não perdoa e surgem comentários sobre a “esquizofrenia” proposital de Lula.

Lula não telefonou em um primeiro momento para Trump, como faz com aliados, e como pretendia em caso de vitória da democrata Kamala Harris. A possibilidade, porém, é considerada, mas há temor de que o presidente eleito ironize o chefe de Estado brasileiro e até publique a conversa nas redes sociais.

O chefe do Executivo brasileiro chamou Trump de mentiroso, durante a campanha eleitoral. Na semana passada, declarou apoio à candidata democrata. “Acho que a Kamala ganhando as eleições é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. É muito mais seguro”, avaliou, em entrevista ao canal francês TF1. “Nós vimos o que foi o presidente Trump no final de seu mandato fazendo aquele ataque ao Capitólio, uma coisa que era impensável acontecer nos Estados Unidos. Porque os Estados Unidos se apresentavam ao mundo como um modelo de democracia, e esse modelo ruiu. Agora, temos o ódio destilado todo santo dia”, acrescentou.

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