Seguranças de delator do PCC executado em aeroporto de SP contam versão inacreditável e polícia suspeita

Carro quebrado ficar sendo vigiado ppr três e apenas um dos quatro seguranças ir até o aeroporto proteger Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, não faz sentido.

A execução de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, teve uma versão dada por seguranças que levantaram suspeitas dos policiais que investigam o caso.

Os investigadores estão desconfiados da versão contada como conduta adotada pela própria equipe que fazia a escolta de proteção do vítima de assassinato.

Os quatro seguranças que deveriam estar no aeroporto na hora do desembarque, teriam afirmado para a polícia que o carro que buscaria Gritzbach no aeroporto quebrou no caminho. Eles disseram que apenas um dos seguranças foi fazer a proteção do assassinado usando outro veículo, já os outros três seguranças ficaram onde o carro teria quebrado. A investigação trabalha para descobrir o que realmente aconteceu.

O delator estava retornando de Goiás para São Paulo acompanhado da namorada.

Como Gritzbach era muito visado por ter delatado práticas criminosas do PCC, o mais lógico teria sido eles deixarem o carro quebrado para trás e os quatro seguranças irem ao aeroporto buscar o homem e não três deles protegerem um suposto carro quebrado.

A polícia conseguiu recolher o celular do executado no local do crime, na área de desembarque do Terminal 2 do aeroporto. O aparelho vai passar por perícia e pode ajudar nas apurações a partir da troca de mensagens que serão extraídas e identificadas.

Gritzbach foi executado a tiros no Aeroporto

Os investigadores também acreditam que Gritzbach já vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás pois os assassinos sabiam o horário em que ele desembarcaria.

O ataque ocorreu por volta de 16h. Vinícius voltava de Goiás acompanhado da namorada e foi surpreendido quando deixou o Terminal 2 do aeroporto.

Corpo do delator caiu próximo à faixa de pedestre no terminal 2 do aeroporto de Guarulhos

A suspeita é que os matadores foram avisados do momento do desembarque para que o ataque fosse executado no momento em que ele pisasse para fora do saguão do aeroporto.

Gritzbach chegou a ser atendido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos. Os tiros de fuzil calibre 765 partiram de dois homens que desceram de um veículo modelo Gol, cor preta.

Além do criminoso assassinado, outras três pessoas ficaram feridas: dois motoristas de aplicativo e uma mulher que estava na calçada do terminal. Eles foram socorridos em estado grave, segundo os investigadores.

Um dos seguranças estava com o filho de Vinícius. Segundo as investigações, o empresário tinha quatro seguranças, todos policiais militares de São Paulo. Eles foram identificados e serão interrogados, a princípio, na delegacia do aeroporto de Cumbica, além de terem os seus celulares apreendidos.

A namorada do Vinicius foi embora antes da chegada da polícia, mas os investigadores já a identificaram e ela deve depor no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no Centro de São Paulo.

O delator tinha conhecimento que desafetos sabiam da colaboração dele junto ao MP. O empresário temia pela própria vida, e contratou os seguranças.

Os quatro seguranças contaram a versão de que estavam em um carro a caminho do aeroporto, mas o veículo teria quebrado no caminho. Um dos homens seguiu com o filho do empresário para o Terminal 2, enquanto os outros ficaram no veículo em um posto de gasolina.

Gritzbach entregou esquemas criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) em depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo nos últimos meses.

Ele é réu em processo em que responde por lavar dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Segundo fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.

Em seus depoimentos, o homem entregou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é de seu assassinato é uma queima de arquivo motivada por vingança.

Ainda segundo as investigações, Vinicius chegou a ter influência em células do PCC, como participação no tribunal do crime — quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anos atrás ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta. Conhecido como Cara Preta, Santa Fausta movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.

Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome, pra não chamar a atenção das autoridades. Foi Vinicius que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Santa Fausta adquirisse os imóveis.

Há uns 5 anos, Vinícius ofereceu outro negócio a Santa Fausta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, Santa Fausta teria dado R$ 200 milhões para Vinícius investir. Até que, em 2021, Santa Fausta queria parte do dinheiro para investir na construção de um prédio e Vinícius teria começado a dar desculpas pra não entregar os valores. Os dois tiveram um discussão feia, segundo testemunhas.

Dias depois, Santa Fausta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o MP, Vinicius foi o mandante do crime. Ele teria mandado matar Santa Fausta pra ficar com o dinheiro dos crimes.

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