Vídeo postado nas redes sociais, mostra passageira sentada próxima à janela, usando fones de ouvido e tentando ignorar o fato de estar sendo filmada
O vídeo de uma mulher sendo filmada em um avião da companhia Gol por não ceder seu lugar a uma criança que estava chorando viralizou em diferentes redes sociais nos últimos dias.
A postagem, inicialmente feita como crítica à postura da passageira, virou alvo de internautas e mexeu com especialistas em direito, psicólogos, mães, influencers e viajantes.
O ocorrido envolve questões como direito do consumidor, direito aeronáutico, psicologia infantil e maternidade, exposição indevida de imagem e o compartilhamento de conteúdo na internet.
Entenda, abaixo, o que se sabe sobre o vídeo, quem são as pessoas envolvidas e a polêmica em torno do assunto.
Tudo começou quando o perfil @marycomciência postou no TikTok o vídeo que viralizou com um texto dizendo: “e minha mãe que encontrou uma pessoa sem empatia com criança”.
Na imagem, uma passageira está sentada em um assento próximo à janela, usando fones de ouvido e tentando ignorar o fato de estar sendo filmada sem autorização. A passageira exposta se chama Jeniffer Castro, que ficou conhecida na internet como “diva do avião”.
A intenção da mulher que fez as imagens e da filha (que postou) era, inicialmente, constranger a mulher que não quis ceder seu lugar para criança. Jeniffer, no entanto, procura não se envolver na discussão e mantém, em grande parte da gravação, os olhos fechados.
Estou gravando a sua cara porque você não tem empatia com as pessoas“, diz a voz no vídeo. E completa: “Isso é repugnante, no século 21, não ter empatia com uma criança. Se fosse com um adulto, tudo bem, agora com criança é demais“.
Ao fundo do vídeo, é possível ouvir uma voz feminina criticando Jeniffer e uma criança chorando.
Feitiço virou contra o feiticeiro
Depois que o caso tomou as redes sociais, os perfis de @marycomciencia foram desativados. Foi uma enxurrada de críticas à mãe e a criança chamada de birrenta.
Assento pago
Uma das principais questões abordadas pelos internautas é que Jeniffer aparece em um assento especial, com custo extra. Isto quer dizer que a passageira pagou um valor a mais para se sentar ali.
Na simulação de voos da Gol entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, um assento Conforto pode custar R$ 51 a mais no valor da passagem por trecho.
Simulação de reserva de assento tipo Conforto pela companhia aérea Gol
Alguns perfis que compartilham o caso afirmam que, quando Jeniffer chegou ao assento, havia uma criança sentada ali. A mãe, então, retirou a criança para que Jeniffer pudesse se sentar. Depois disso, a criança teria começado a chorar por querer ficar justamente naquele lugar.
Quem é Jeniffer
Os internautas tomaram as dores de Jeniffer Castro por ter sido exposta nas redes sociais. A grande maioria acredita que, além de ter sido indevidamente filmada, a passageira teve razão em não ceder o lugar.
As pessoas que apoiam Jeniffer também admiram o fato de ela não ter se envolvido na briga. Até o início da manhã desta sexta-feira (06), Jeniffer já somava mais de 1,2 milhão de seguidores em seu perfil do Instagram.
Na rede social, ela posta imagens no Rio de Janeiro, em viagens, com amigas e praticando exercícios. Nos stories, a jovem chegou a compartilhar uma postagem sobre a exposição com a hashtag #todoscomjeniffercastro.
No Linkedin, rede social com foco profissional, Jeniffer Castro conta que é agente de negócios do banco Bradesco, formada em administração pela Faculdade Nova Serrana e com MBA em gestão estratégica de negócios pelo Centro Universitário Newton Paiva..
O que diz a Anac sobre troca de assentos
A portaria Nº13.065/SAS da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) define que o passageiro menor de 16 anos que viaja acompanhado deve ser obrigatoriamente acomodado em assento ao lado de, pelo menos, um adulto responsável.
Se os passageiros quiserem selecionar previamente seus assentos por motivos diversos, como preferência por janela por exemplo, poderá haver cobrança pelos lugares escolhidos, tanto para a criança quanto para o responsável.
A legislação não menciona a possibilidade de troca de assentos entre passageiros por outros motivos.
É birra?
Além de apoiar Jeniffer, muitos internautas também passaram a criticar a família envolvida, rotulando a criança como “birrenta” e atribuindo o comportamento a uma suposta falta de limites impostos pelos pais.
A reação de frustração, com choro e “birra”, também é normal, segundo especialistas. Nesses momentos, é fundamental validar os sentimentos da criança, demonstrando empatia e acolhimento, mas impondo o limite.
Por exemplo, você pode dizer: “Eu entendo que você está triste, eu entendo que está chateada, mas infelizmente isso não é possível.” Esse tipo de resposta reforça para a criança que suas emoções são legítimas e respeitadas, mas sem abrir mão da firmeza necessária para manter o limite estabelecido.