Prévia da inflação veio acima das projeções do mercado financeiro, apesar de ser a menor para o mês de janeiro desde o início do Plano Real
Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, registrou uma alta de 0,11% nos preços em janeiro.
O resultado foi o menor para o mês de janeiro desde o início do Plano Real e representa uma desaceleração em relação ao observado em dezembro, quando registrou uma alta de 0,34%. O número, no entanto, ainda está bem acima do esperado pelo mercado, que previa uma deflação de 0,02% para o mês.
O resultado foi mais uma vez pressionado pelo aumento nos preços de Alimentação e bebidas. Segundo o IBGE, o grupo apresentou um avanço de 1,06% no mês — o maior entre os grupos avaliados —, com um impacto de 0,23 ponto percentual no índice geral.
Outro destaque de alta ficou com o grupo Transportes, que subiu 1,01% no período. A única taxa negativa veio do grupo Habitação, que recuou 3,43% e ajudou a conter o índice geral no mês.
Com o resultado, o IPCA-15 começou 2025 com uma alta acumulada de 4,5% em 12 meses — uma desaceleração em relação aos 4,71% registrados em dezembro do ano passado.
Mesmo com a desaceleração, no entanto, o indicador ainda segue acima da meta de inflação do Banco Central do Brasil (BC), de 3%. O intervalo de tolerância varia de 1,5% a 4,5%
Em janeiro, oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:
- Alimentação e bebidas: 1,06%;
- Habitação: -3,43%;
- Artigos de residência: 0,72%;
- Vestuário: 0,46%;
- Transportes: 1,01%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,64%;
- Despesas pessoais: 0,40%;
- Educação: 0,25%;
- Comunicação: 0,15%.
Segundo o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, o Sofi, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO), 2,4% dos brasileiros passaram fome em 2024.
Isso significa que 51.020.100 de brasileiros passam fome.
Quase 40% dos domicílios no Norte e no Nordeste registraram algum nível de insegurança alimentar em 2024. O Nordeste é a única região em que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais votos que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tradicional reduto petista, o Nordeste continua sempre no mapa da fome e foi decisivo para a vitória de Lula. Ele recebeu 69,34% dos votos válidos da região.