Comitê ainda sinalizou novas altas nos próximos meses, em razão do crescimento da inflação
O grupo colocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no comando do Banco Central destruiu a narrativa de que a alta taxa de juros era para atrapalhar seu governo.
O discurso de Lula cai por terra, já que ele afirmava não ser “correto” o Banco Central (BC) poder manter o mesmo presidente durante as trocas do chefe do Executivo. Lula criticava estar com o chefe do BC escolhido por Jair Bolsonaro (PL).
O então presidente do BC era Roberto Campos Neto, que ficou no cargo até o último dia de 2024.
Esta foi a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chefiada pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, que foi indicado por Lula para a função.
O Banco Central elevou nesta quarta-feira (30) em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.
A decisão foi unânime, ou seja, os 9 diretores votaram nesse sentido. Com a decisão, se mantém a série de altas da taxa de juros na primeira reunião Copom em 2025.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, declarou o Copom.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completou o Copom no comunicado da reunião.
Além de Galípolo, a reunião desta quarta do Copom também foi a primeira em que os diretores também indicados pelo presidente Lula foram maioria no colegiado, ou seja, eles foram responsáveis diretamente pela decisão tomada, que desmoralizou o discurso de Lula contra os dirigentes anteriores do Banco Central.