O Brasil é feito para criminosos poderosos.
Imagine se um pai de família roubar uma lata de leite, for pego no flagrante e devolver o fruto do roubo vai ser liberado por supremos Alexandres ou Gonets.
Não, não vai.
Mas quando se trata de deputado que apoia o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diga-se de passagem um ex-presidiário por roubar dinheiro do povo, o caso é tratado com acerto de compadre.
O acerto, chamado de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), foi homologado e prevê que o valor seja devolvido pelo ladrão à Câmara dos Deputados
O deputado federal André Janones (Avante-MG) fechou um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para devolver R$ 131,5 mil que roubou e foi descoberto após denúncias de funcionários e investigação sobre roubo por “rachadinha” em seu gabinete.
O larápio vai ter que pagar uma multa extra de R$ 26,3 mil, correspondente a 20% do dano ao erário.

Como será o pagamento:
R$ 80 mil em parcela única, até 30 dias após a homologação do acordo.
R$ 77,8 mil em 12 parcelas mensais de R$ 6.484,48.
Outras condições do acordo:
Encerrar qualquer prática ligada ao esquema investigado.
Não cometer novos crimes ou contravenções até o fim do cumprimento do acordo.
Declarar que não firmou acordos similares nos últimos cinco anos e que não responde a outros processos criminais.
O que é o ANPP?
O Acordo de Não Persecução Penal é um instrumento previsto na legislação brasileira que permite que o investigado repare o dano e cumpra algumas condições para evitar o prosseguimento do processo criminal.
Histórico do caso
Áudio mostra assessores de Janones conversando sobre suposta prática de rachadinhas
O caso teve início com ex-assessores, que denunciaram à PF a prática da devolução de parte dos salários — conhecida como rachadinha — no gabinete de Janones. Os ex-funcionários afirmam que eram pressionados a repassar parte dos seus vencimentos ao deputado.
As suspeitas ganharam força após a divulgação de um áudio de 2019, no qual Janones afirma a servidores que alguns receberiam salários mais altos para ajudá-lo a pagar dívidas pessoais de R$ 675 mil acumuladas durante sua campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016.
Janones disse no áudio:
“Tem algumas pessoas aqui que eu ainda vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas quando a minha campanha de prefeito deu um prejuízo de R$ 675 mil.”
Em seu relatório, a Polícia Federal classificou Janones como o “eixo central” da suposta organização criminosa. Segundo a corporação, a prática de rachadinha foi estruturada e mantida com a participação do deputado:
“A investigação expôs a ilicitude de seus atos em todas as etapas, desde o início até o desfecho.”
Além disso, a PF identificou um crescimento patrimonial incompatível de Janones nos anos de 2019 e 2020, com variações de R$ 64,4 mil e R$ 86,1 mil, respectivamente, acima do que seria esperado com seus rendimentos.
Com isso, Janones havia sido indiciado pelos crimes de:
Associação criminosa
Peculato (desvio de recursos públicos)
Corrupção passiva
Mas, após firmar o acordo com a PGR, ele não vai ser processado.
O acordo é um escracho. Uma previsão jurídica feita por marginais que fazem as leis para eles mesmos escaparem das grades.
