Postergada mesmo com número suficiente para ser instalada, Comissão de Inquérito fica para Deus sabe quando
Por Victório Dell Pyrro
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre joga um velho xadrez 4D com o Congresso e quem leva o xeque-mate são os velhinhos e doentes vítimas de roubo no INSS.
Enquanto você aí espera de seis meses a mais de um ano por uma perícia do INSS pra conseguir um mísero auxílio-doença, o presidente do Senado, (cargo exercido por também conhecidos como o Houdinis do Regimento Interno), anunciou nesta quinta-feira (22) que a tão aguardada sessão do Congresso para instalar a CPMI das Fraudes no INSS ficou pra junho. Ou julho. Ou quando os porquinhos voarem. Vai saber.
Sim, amigo leitor, prepare o chá de camomila: o requerimento que poderia começar a investigar um esquema bilionário de roubo nos contracheques de aposentados e pensionistas segue firmemente empacado — como a senha de atendimento na agência do INSS de Realengo.
Em um momento de honestidade tocante, Alcolumbre declarou hoje:
“Eu sugeri, eu não marquei, a data do dia 27 de maio…”
A frase tem o mesmo teor de compromisso e veracidade de um “passa lá em casa depois” carioca. Segundo ele, qualquer semelhança com manobras para sabotar a leitura do requerimento da CPI é mera coincidência — e quem disser o contrário está sendo injusto com esse pobre amante da democracia e das viagens internacionais.
Aliás, o sincero senador havia prometido a tal sessão para 27 de maio antes de embarcar em um mochilão VIP com Lula por Roma, Moscou e Pequim. Porque nada diz “prioridade nacional” como carimbar o passaporte enquanto aposentados têm seus bolsos surrupiados e diretamente no contracheque do órgão público que ninguém autorizou.
A oposição — que pediu a CPI — acusa o governo de empurrar com a barriga e manter o esquema longe dos holofotes. O Planalto, por sua vez, vive seu próprio dilema shakespeariano: fazer a CPI e arriscar escancarar podres que datam de governos anteriores (spoiler: , Dilma, Temer e Bolsonaro), ou sentar em cima do escândalo que tomou grandes proporções de gatunagem nesse governo atual de Lula e ver os velhinhos se virarem com advogados e “serviços de proteção” que brotam como mato no quintal desse INSS.
Enquanto Alcolumbre faz o jogo de Lula, os velhinhos, doentes, pensionistas e demais cidadãos comuns seguem na fila gigantesca do prejuízo. Afinal, nesta novela brasileira, o único plot twist constante é: quem se ferra é sempre o povo pobre.
E a CPI?
Fica pra depois. Alcolumbre sugeriu. Mas não marcou. E isso, meu caro, no Senado, é quase a mesma coisa que nunca.

